Questionário

Friday 27 May 2011

O Estado da Nação: Investidor Iraniano cria SAD do Beira-Mar

Ontem, em Assembleia Geral, 302 sócios do Beira-Mar aprovaram por maioria a criação de uma SAD controlada por um investidor Iraniano – de seu nome Majid Pishyar. Em princípio não temos nada contra o investimento estrangeiro no Futebol. No entanto, quando se trata de investidores oriundos de países sujeitos a sanções das Nações Unidas, a simples prudência dita que se averigúem as motivações de tais investidores. Em particular quando se trata de um sector – futebol – que muitas vezes atrai indivíduos de reputação duvidosa e tem sido usado para fazer branqueamento de capitais.

Não conhecemos o senhor Pishyar, mas uma simples pesquisa no Google diz-nos que se trata de um empresário ligado ao regime de Teerão, com investimentos imobiliários no Dubai, e que tem comprado vários clubes de futebol.

Em 2004 comprou um clube Austríaco - FC Trenkwalder Admira Wacker Mödling – deixando o clube num desastre financeiro quando o abandonou em 2008 para comprar um outro clube, desta vez na Suíça – o Servette Football Club de Genebra, com a promessa ainda não cumprida de o fazer chegar ao topo da divisão. Chegou agora a vez do Beira-Mar com promessas idênticas.

Desde que a Câmara Municipal de Aveiro deixou de pagar a quase totalidade do plantel do clube o Beira-Mar deixou de ter qualquer viabilidade financeira, uma vez que apenas nos jogos com o Benfica e o Porto consegue ter mais de 2000 espectadores no estádio. A questão que se coloca então é: o que leva um empresário experiente a comprar um clube falido e com prejuízos recorrentes?

Se fosse na sua própria terra, poderia pensar-se que era para obter reconhecimento social. Em Portugal só pode ser por outras razões. Uma das razões frequentes é a obtenção de favorecimentos no licenciamento de empreendimentos imobiliários, mas no estado em que o sector se encontra é duvidoso que os investidores estrangeiros precisem desse tipo de expediente para convencer os autarcas. Restam razões mais obscuras, como a fuga às sanções contra o Irão e o branqueamento de capitais.

Ainda recentemente o Departamento de Estado Americano voltou a classificar Portugal como um país de risco médio em matéria de branqueamento de capitais (pode ver a nossa classificação aqui).

Não nos compete a nós fazer juízos de valor ou averiguar as reais intenções do investidor em causa e a sua legitimidade. Mas, nestas circunstâncias exige-se das autoridades locais uma maior transparência nas relações que mantêm com tais investidores e das autoridades nacionais uma vigilância redobrada em matéria de práticas ilegais. Se se provar que esses cuidados foram desnecessários tanto melhor, incluindo para o próprio visado.

De outro modo o país transformar-se-á rapidamente numa espécie de Venezuela.

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