Questionário

Saturday 24 June 2017

Partidos: A ilusão do centro

O sucesso de Macron em França popularizou novamente o lançamento de novos partidos ao centro.

Face ao descalabro dos partidos conservadores e social democratas perante o populismo da esquerda e direita radicais a ideia parece apelativa e já começou a ter alguns adeptos em Portugal (vide expresso desta semana).

Acresce que, com exceção das eleições muito renhidas que podem ser decididas pelos extremos, em geral as eleições são decididas pelos eleitores do centro que alternam entre a esquerda e a direita.

É também verdade que a ausência de um partido liberal em Portugal e a desilusão dos sociais democratas que não se revêm no PSD e PS atuais criam um largo campo para um novo partido ao centro.

Porém, é preciso ponderar bem a viabilidade de partidos centristas sem uma matriz ideológica. A experiência do PRD em Portugal tem muitos ensinamentos nesta matéria. Em particular, a forma inglória como rapidamente se desmoronou após o seu sucesso inicial.

A meu ver o país ganhará mais com novos partidos claramente à esquerda ou à direita, em particular com um partido de esquerda não socialista.

O eleitorado, embora preferindo que se governe ao centro, gosta de escolher entre alternativas claras e repudia cada vez mais a simples rotação de cadeiras à mesa do orçamento por parte dos políticos profissionais.

De qualquer modo, votos de sucesso às novas iniciativas partidárias.

Wednesday 21 June 2017

Autarcas: fazer mais ou melhor?

Quando se aproximam as eleições autárquicas é importante analisar o que nos propõem os candidatos.

Não faltam nas respetivas campanhas promessas de fazer mais ou o de nos lembrarem que fizeram isto ou aquilo. Porém, tal não devia ser o seu mote principal. Os eleitores deviam ser mais rigorosos na avaliação do que eles não fizeram ou se propõem fazer.

Comecemos pela função básica dos autarcas – manter as ruas pavimentadas e limpas.

O que constatamos é que uma boa parte estão num estado semelhante ao da fotografia abaixo.


Entretanto, qual é a atitude mais comum entre autarcas?

Fazer pavimentações apressadas pelo dobro do preço normal em ano de eleições ou ignorar sobranceiramente os buracos e prometer novos pavilhões polidesportivos ou festas de verão.

Se continuarmos a ignorar que quem não faz bem o essencial, não pode fazer bem o acessório o país não pode progredir.

Embora o fazer bem não exclua o fazer mais, quando encontrarem um autarca na campanha eleitoral não se esqueçam de lhe perguntar se não é capaz de fazer melhor na pavimentação e manutenção das ruas.

Monday 19 June 2017

Incêndios: Culpas e desculpas

A discussão sobre o que aconteceu em Pedrogão Grande corre o risco de se tornar idêntica à discussão de todos os verões a propósito dos mortos na estrada. Isto é, confrontam-se os que acham que a culpa é do excesso de velocidade, do mau estado das estradas ou do álcool e cada um fica na sua a aguardar o próximo verão para recomeçar a defender o seu ponto de vista. Porém ignora-se sobranceiramente que todos estes fatores contribuem para a sinistralidade e como é que alguns países (por exemplo a Austrália) conseguiram reduzir drasticamente a sinistralidade.

No caso dos incêndios o debate é sobre a sua prevenção e o seu combate. Na verdade, não é necessário escolher entre prevenção e combate porque precisamos de ambos!

No entanto, boa parte dos ditos especialistas nacionais de ambos os lados do debate estão inquinados por "lirismos" e "interesses" nas respetivas soluções.

Se nas Universidades já aceitamos que a sua avaliação seja internacional, porque é que não fazemos o mesmo nos incêndios. O que precisamos é de um estudo imparcial, comparativo com países de clima semelhante, sobre os meios que utilizamos e os resultados que obtemos.

Só com análises independentes e sérias podemos encontrar o equilíbrio adequado entre prevenção e combate aos incêndios.

Concentremo-nos por ora na solidariedade com as vitimas, mas sem deixar de exigir aos responsáveis políticos um estudo rigoroso sobre as causas desta tragédia.

The Legacy of Hollande

In 2011, after the election of Hollande, I published a post with a table depicting 13 OECD social and economic indicators on which I would judge his presidency. I also made a bet that 77% of them (10 out of the 13) would get worse. Meanwhile, the OECD abandoned some of the indicators and changed others. So, for consistency, I publish below a new table with the existing indicators before and after Holland to evaluate his mandate.



Out of the initial 13 indicators, the OECD now publishes only 8 but I added the debt/GDP ratio which is equivalent to the previous indicator to end up with 9 indicators to compare the pre and the post Hollande.

First, I lost my bet. Hollande was bad, but not as bad I had forecasted. Only 55% (or 67% if I count the current account evolution as negative) of the indicators worsened during his mandate.

Actually, the breakdown of the indicators to see where there was improvement and deterioration is more interesting.

The French economy did not do too bad under Holland, with the productivity gap in relation to the USA substantially reduced, the current account deficit kept at a low level and inflation substantially reduced.

In terms of public finances, Holland continued the socialist tradition of increased public spending. Its rise of 2.6 percentage points, to reach 57.9% of GDP, was partially financed by a higher tax revenue. However, it was not enough to prevent a 20% increase in public debt, which rose from 100% to 120% of GDP.

What is more significant is that in relation to social policies, which the left traditionally claims to be its priority, Hollande’s score was quite negative. With the exception of youth unemployment which fell from 20 to 18 per cent, the other social indicators worsened. Employment declined slightly to 63.8% of the working age population, while unemployment rose significantly from 8.3 to 10.3%.

Overall, one may say that Hollande’s zigzagging between traditional socialist policies and some forms of timid liberalization offsetted each other so that his legacy was not as dire as I had anticipated.

Let me comment briefly on his political legacy.

At the international level, Hollande’s performance was reasonable and aligned with the promotion of traditional western values.

The same cannot be said at the national political level. Apart from his matrimonial adventures and other minor internal affairs which may had weighted on his presidency ending with the lowest approval ratings of any previous president, his legacy will certainly be remembered by the eclipse of the socialist party and the emergence of Macron’s new centrist party.

To be fair, Hollande made some modest contribution to the victory of the new President.

So, his final political balance will depend on the failure or success of his successor to stop France from falling into left (Melechon) and right wing (Le Pen) anti-European extremisms.