A Revolução Francesa de 1789 e a Revolução Russa de 1917, são dois exemplos históricos de que as revoluções frequentemente devoram os seus promotores e, pior ainda, degeneram em violência e ferozes ditaduras.
Pelo contrário, a via reformista procura alterar a situação vigente de forma gradual e sem pôr em causa a totalidade das políticas e instituições existentes. A via reformista é mais segura, mas é necessariamente mais lenta. Segue a máxima “devagar que tenho pressa”, mas corre o risco de desagradar aos mais impacientes, em especial aos jovens, sobretudo se for excessivamente gradualista. Por isso, a via reformista é frequentemente atacada por reacionários, que querem preservar o status quo e por revolucionários, que querem mudar tudo de um dia para o outro. Ambos exploram demagogicamente o receio dos incumbentes e a pressa dos aspirantes à sua substituição.
A dicotomia entre o fazer depressa e bem, manifesta-se em quase todos os domínios da política.
Por exemplo, a necessidade de proteger os cidadãos contra a arbitrariedade de alguns agentes da autoridade leva os reacionários a endeusar as forças da ordem e os revolucionários a denegri-las. Tal leva mesmo alguns estados a alternarem entre opções securitárias e o tratamento dos criminosos como se fossem crianças vulneráveis.
Assim, assistimos hoje à transformação das prisões em verdadeiras universidades do crime, por vezes com melhores condições do que as verdadeiras universidades, enquanto as vítimas têm de se barricar nas suas próprias casas e recorrer cada vez mais à segurança privada.
O bom senso, levar-nos-ia a reconhecer que a prevenção e combate à reincidência exigem castigos sérios, diferenciados de acordo coma a gravidade e o grau de organização dos criminosos, que devem ir para além da simples limitação da liberdade de circulação dos criminosos. De igual modo, devia levar-nos a reconhecer que alguns criminosos não são reeducáveis e que os jovens reincidentes têm de ser punidos seriamente. No entanto, nem os reacionários nem os revolucionários têm o bom senso necessário para graduar as suas ideias.
Também na esfera internacional as opiniões tendem a dividir-se entre belicistas e pacifistas radicais. Ambos estão sempre dispostos a justificar ou condenar invasões ou guerras civis desde que perpetradas pelos seus apaniguados. Na verdade, numa perspetiva reformista os conflitos internacionais devem ser sempre resolvidos pela via da negociação e com respeito pelas normas internacionais, só se justificando o uso da força em situações extraordinárias.
É igualmente importante reconhecer as mudanças que ocorreram ao nível militar. Em particular, o aparecimento das armas de destruição massiva, com potencial para destruir a própria humanidade, e o desenvolvimento do complexo militar-industrial.
Embora as revoluções sejam muitas vezes justificadas com a necessidade de substituir a classe dirigente, na verdade pouco contribuem para a mobilidade social limitando-se a substituir alguns maus dirigentes por outros igualmente maus ou piores.
Embora as reformas sejam necessariamente lentas, tal não deve ser confundido com tibieza. O reformismo tem de ser pacifico, persistente, firme, consistente e tanto quanto possível baseado num consenso alargado.
Por isso, uma direita moderna e progressiva deve bater-se:
10.1 Por segurança em liberdade.
10.2 Pela segurança interna e paz internacional.
10.3 Contra o estado securitário, em defesa das forças da ordem.
10.4 Dizendo não à reabilitação sem punição.
10.5 Pela garantia da integralidade territorial dos estados, contra as ações predatórias.
10.6 Pelo controlo democrático do complexo militar-industrial.
10.7 Contra a proliferação das armas de destruição massiva.
10.8 Pela alteração do status quo de forma reformista, mas não necessariamente gradualista.
10.9 Pela melhoria do sistema capitalista sem violar os seus princípios fundamentais.
10.10 Por um reformismo permanente, mas tolerante e respeitador dos direitos legítimos.
Friday, 5 July 2019
Por uma direita moderna: 10 - Pelo reformismo, contra a revolução
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