Questionário

Sunday, 1 February 2015

“Podemos” evitar repetir os erros dos anos 30

O crescente radicalismo à esquerda e à direita no Sul e Norte da Europa tem demasiadas semelhanças com o que se passou no período 1917-1934 para que os mais esclarecidos fiquem indiferentes.

As suas origens ideológicas são as mesmas – anti capitalismo, nacionalismo, fascismo, nacional-socialismo, comunismo, trotskismo, anarquismo e antissemitismo, embora hoje se apresentem com tonalidades diferentes como libertarianismo moral, ambientalismo, pró-Palestina e anti-imigração.

As condições criadas pela crise financeira de 2008 são semelhantes às da crise de 1929, nomeadamente a falência de instituições bancárias, as desvalorizações competitivas, o protecionismo e o desemprego massivo.

As condições políticas também são semelhantes se considerarmos que a intransigência e o austerismo Alemão em relação aos países do sul é equivalente à indiferença dos vencedores da 1ª Grande Guerra em relação às reparações Alemãs, que a evolução política na Hungria/Áustria e na Grécia de hoje lembram a subida ao poder dos fascistas em Itália e dos Republicanos em Espanha, e que o pacifismo e apaziguamento relativamente ao nazismo crescente nos anos 30 é semelhante ao que hoje existe perante a Rússia e o Irão.

Se estas condições geram movimentos de massas semelhantes (veja-se a manifestação do Podemos em Madrid) então temos de relembrar o que se aprendeu sobre a psicologia de massas nos anos 30. Um dos ensinamentos é que a maneira de controlar uma multidão (eleitorado) irracional não é enfrentá-la mas sim encaminhá-la para um caminho que evite o abismo. Por vezes é mesmo preciso fingir ser mais radical do que os líderes da multidão.

Por isso, nas atuais circunstâncias, os partidos reformistas (em especial o PSD), deviam abandonar a sua retórica pró-austeridade. Sobretudo quando pode invocar que apenas cumpriu 1/3 do programa da Troika e que por isso Portugal não está hoje na situação da Grécia.

Na verdade, com o oportunismo que o caracteriza, António Costa está a fazer isso ao insinuar que é mais Syriza do que Pasok. Porém, aquilo que oferece é apenas incerteza.

O centro-direita em Portugal está hoje perante uma situação semelhante à que Keynes enfrentou quando lhe foi pedido que preparasse programas de rádio para contrapor à propaganda Nazi sobre o investimento público e uma nova ordem económica mundial. Ele optou então por explicar que os aliados fariam uma melhor gestão do investimento público, de forma mais equitativa, pacífica, livre e sustentável.

Em Portugal, mais uma vez, podemos evitar o desastre iniciado na Grécia e bastante provável em Espanha. Para tal, é preciso romper com o discurso e com as caras que o eleitorado associa com os nossos problemas de forma a poder encabeçar o desejo de mudança dos Portugueses.

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