No entanto, uma simples leitura dos dados em dez países da zona euro deixa muitas dúvidas sobre a importância desse impacto.
Como podemos observar na seguinte tabela onde ordenamos os países em função do valor do salário mínimo, houve evoluções muito diferentes.
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Entre os países com um salário mínimo elevado, a Irlanda diminui drasticamente o seu valor, enquanto Portugal o subiu significativamente. Entre os países com salário mínimo mais baixo, também a Eslovénia e a Estónia o aumentaram significativamente, enquanto a Grécia e a Espanha o desceram moderadamente.
Entretanto, a respetiva evolução em termos de desemprego apresentada na tabela abaixo mostra-nos o seguinte:
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Entre os países que começaram o milénio com salário mínimo elevado e baixo desemprego (Irlanda e Portugal) o desemprego triplicou, enquanto nos países com salário mínimo baixo a Estónia começou com um desemprego muito elevado mas reduziu-o a quase metade mas já a Eslovénia começou com um desemprego moderado mas aumentou-o em cerca de 50%. Entretanto a Espanha e a Grécia que começaram com desemprego muito elevado ainda o aumentaram para mais do dobro.
É óbvio que a evolução dispare de países como Portugal e Irlanda ou da Estónia e Eslovénia questiona qualquer relação forte entre a evolução do salário mínimo e do desemprego.
E, em relação aos países com programas de ajustamento, também é evidente que a evolução pós-2010, foi fundamentalmente determinada pelas consequências da crise de 2008-2009, ampliadas pelos respetivos programas de ajustamento no caso da Grécia e de Portugal.
Note-se no entanto que apenas na Grécia ocorreu uma redução significativa do salário mínimo durante o programa de ajustamento, precisamente o país onde se atingiram níveis de desemprego mais elevados.
Em conclusão, se quisermos identificar as principais causas do desemprego é melhor procurar outras causas que não o salário mínimo.
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