Uma breve nota para esclarecer a controvérsia sobre o vencimento do Presidente da CGD.
A questão é realmente simples, e explica-se com uma analogia futebolistica. Querer pagar ao Presidente de uma Caixa pública o mesmo que se paga ao presidente de um banco de investimento internacional privado é o mesmo que o Desportivo da Vista Alegre querer pagar a José Mourinho o mesmo que lhe paga o Manchester United.
É evidente que se o Vista Alegre quiser concorrer com o Manchester vai ter de aliciar o Mourinho com um salário equivalente ou superior. Mas, faz algum sentido o Vista Alegre querer contratar o Mourinho?
Claro que não! Jogando no campeonato distrital o Vista Alegre deve procurar o melhores nesse campeonato.
Ora é isso que os nossos governantes não percebem. A CGD “não joga” nem deve jogar no campeonato mundial. Sendo predominantemente um banco de poupança público, o seu campeonato deve ser o das Caixas de Crédito ou o Tesouro Público. É nesse campeonato que se devem procurar os dirigentes da CGD. Ora esses dirigentes ganham um vencimento semelhante ao de um Director Geral. Ponto final!
Abrir excepções, cobertas ou não por legislação, é tentar cobrir o sol com uma peneira.
Mas será que os gestores privados não podem também gerir no sector público? Claro que podem, mas se o fizerem têm de fazê-lo por razões de serviço público, não pela remuneração. Por exemplo, Mourinho quando se reformar pode desejar treinar o Vitória de Setubal. Porém, se o fizer não lhes pode pedir uma remuneração equivalente à que ganhava anteriormente, mas sim aquela que o clube lhe puder pagar.
Existem também muitos gestores que, após terem feito fortuna na sua actividade privada, estão disponíveis para fazer serviço público com uma remuneração simbólica. Se o governo estava tão interessado em recrutar no sector privado porque é que não foi procurá-los?
É importante que o governo dê explicações nesta matéria, e não tente ocultar a sua ignorância ou desfaçatez com a mantra da legislação.
Tuesday 25 October 2016
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