Questionário

Wednesday 27 March 2019

A censura no Observador e os problemas do jornalismo em Portugal

Recentemente, tem aumentado o número de vezes que sou bloqueado nos comentários que escrevo no Observador e penso que muitos leitores se queixam do mesmo.

Não sou contra a necessidade de bloquear alguns comentadores nos jornais online, nomeadamente quando usam abusivamente o espaço de opinião para proferir insultos, fazer publicidade, dialogar com outros comentadores ou usam o anonimato para espalhar boatos. Noto aliás que o Observador tem sido generoso com os múltiplos “trolls/Zé Marias” que enchem as suas seções de comentários.

Pessoalmente, quando comecei a ser bloqueado deixei de incluir links para o meu blog, citações dos meus livros e expressões que pudessem ser consideradas deselegantes, apesar de ser assinante e um dos poucos que usa o seu verdadeiro nome e fotografia nos comentários.

Por isso, estranhei que fosse cada vez mais bloqueado sobretudo quando criticava os ataques ad hominen que os colaboradores do Observador fazem diariamente ao “PSD de Rui Rio”. E fui ainda mais censurado quando critiquei o novo movimento de direita 5.7. Um caso flagrante foi a censura do comentário, reproduzido abaixo, ao artigo de Luis Rosa sobre A Reconstrução da Direita:

“O frentismo de direita inspirado na AD faz-me lembrar o meu colega de faculdade Boaventura de Sousa Santos (sim esse mesmo). Enquanto ideólogo do BE e outros movimentos de extrema esquerda sempre ansiou por tentar conquistar o PS por dentro (e não como qualquer vulgar independente aspirante a um convite para as listas do PS). Inicialmente colocou a sua esperança no BE, mas quando este sofreu o desastre eleitoral de 2011 deu imediatamente indicações aos seus correligionários para criarem movimentos independentes de Cidadãos para continuar a luta pelo verdadeiro socialismo. Quando, inesperadamente, o Bloco voltou a recuperar nas eleições de 2015 mandou logo regressar os seus acólitos ao BE.

O frentismo de direita promovido pelo observador, teve a sua epifania com o inesperado liberalismo de Passos Coelho (ignorando que apenas se tratava de cumprir o programa de ajustamento da Troika). Quando Passos se afastou e abriu o caminho à corrente social-democrata voltaram os ataques ao PSD “de Rio”. Esquecendo que a única vez que o PSD teve verdadeiramente influência na governação no pós 25 de Abril, durante o Cavaquismo, foi essencialmente social-democrata. Ou ignoram que o verdadeiro Keynesiano/Social Democrata no nosso país foi Cavaco Silva e não Sá Carneiro (ou qualquer outro advogado de província da ala liberal do antigo regime).

Querer agora ressuscitar a AD é mais uma manobra de poder pessoal que nada adianta para catalisar uma direita moderna, plural, mas claramente pró-capitalismo!

Rejeitado (ver regras da comunidade)”

Não sei quem é esta “comunidade” de censores. Mas devo dizer que acho perfeitamente legítimo que o Observador, ou qualquer outro jornal, decida apoiar um determinado partido ou movimento político. Também acho legítimo que o seu diretor José Manuel Fernandes tenha aspirações políticas e use o seu jornal para promover as suas ideias.

O que já não acho legítimo é que use a sua posição para tentar silenciar a opinião de outros, num espaço de opinião que dever ser livre. Isso chama-se CENSURA. Aliás, até acho legítima a censura exercida num espaço privado como é um jornal. Mas tal legitimidade tem de ser explicitada aos leitores. Por exemplo, dizendo que não se aceitam comentários com os quais o diretor não concorde.

Isto seria apenas um episódio desagradável, se não me lembrasse uma situação semelhante em que os jornalistas se assumiram de forma não transparente como promotores de um novo partido político e abusaram da boa fé dos Portugueses. Por isso aconselho o JMF e os seus colaboradores a refletirem no papel que Soares Louro, José Carlos Vasconcelos e outros jornalistas tiveram na criação do PRD.

Senhores jornalistas, têm ambições políticas? Ótimo! Então filiem-se nos partidos existentes ou criem novos partidos e tentem conquistar a direção desses partidos. Mas façam-no de forma aberta e transparente.

Não destruam a confiança (cada vez menor) que os Portugueses ainda têm nos jornais.

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