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Friday, 7 June 2019

Por uma direita moderna: 6 – Por um conservadorismo liberal e progressista

6 – Por um conservadorismo liberal e progressista

O maior desafio de uma direita moderna é saber como combinar em proporções adequadas o conservadorismo, o liberalismo e o progressismo. Para tal, antes de mais, tem de refutar a identificação do conservadorismo com a defesa do status quo e questionar o falso progressismo da esquerda.

Tal passa por distinguir os valores que são intemporais daqueles que são apenas passageiros. Por exemplo, certas formas de organização política como a monarquia e o a república são apenas resultado de uma evolução histórica. Já a refutação de países predadores e a resolução pacifica dos conflitos devem ser consideradas como eternas.

De igual modo, certas formas de organização do trabalho são meramente temporais, mas o repúdio da escravatura deve ser indiscutível e universal. Também, no que respeita ao peso do estado na economia, os conservadores defendem um estado pequeno e forte, mas não minimalista ou dispensável.

Um conservador pode ser nostálgico, mas não tem de ser adverso à mudança, nem tem que apoiar a mudança só pela mudança. Para um conservador as mudanças têm de ser devidamente ponderadas em termos dos custos e consequências a médio e longo prazo. Por exemplo, embora o divórcio deva ser aceite, o facilitismo no divórcio não deve ser estimulado porque contribui para a erosão das famílias e consequentemente para infelicidade dos afetados.

O conservadorismo não deve ser associado com tribalismo ou defesa do status quo social. Isto é, um conservador tem de aceitar como normal que os incumbentes possam ser substituídos através de uma concorrência justa (mas não selvagem) que garanta condições de mobilidade social. Isto é, um conservador pode apoiar os seus próximos, nomeadamente transmitindo-lhes os seus bens e ensinamentos, mas não deve aceitar o nepotismo.

Um conservador deve defender o património artístico e cultural, mas sem inibir as novas criações. Antes de mais, não deve impor os seus gostos pessoais aos demais, mas também não tem de aceitar que lhe imponham os gostos dos outros.

Em termos morais e de costumes, um conservador não deve confundir liberdade com libertinagem. Em termos religiosos, um conservador não deve confundir valores fundamentais com regras circunstanciais. Por exemplo, um católico não deve confundir a obediência aos 10 mandamentos com uma igreja patriarcal onde as mulheres não têm acesso ao sacerdócio.

Acima de tudo, um conservador deve ser pelo progresso em segurança e liberdade, repudiando a ideia generalidade de que a esquerda é progressiva. Em particular, deve saber demonstrar que o progressismo da esquerda é falso e na verdade leva a sociedades reacionárias e totalitárias como ficou amplamente provado nos regimes comunistas.

Por isso, para promover uma sociedade conservadora, liberal e progressiva, uma direita moderna deve:

6.1 Evitar ter complexos de esquerda e assumir-se como progressiva.
6.2 Defender o conservadorismo, mas não como sinónimo de imobilismo.
6.3 Salientar que tradição e progresso podem e devem caminhar lado a lado.
6.4 Repudiar o conservadorismo baseado na defesa do situacionismo.
6.5 Repor o conservador como defensor da mobilidade social.
6.6 Apoiar o conservadorismo aberto à globalização, mas em harmonia com o nacionalismo.
6.7 Apadrinhar o conservadorismo que repudia o laissez faire radical, mas sem ser antiliberal.
6.8 Defender que o conservadorismo assuma os valores do iluminismo.
6.9 Estimular os conservadores a estarem abertos à irreverência e aspirações da juventude.
6.10 Afirmar o conservadorismo como defensor da ordem e segurança pública.