Questionário

Friday 6 May 2011

Ex-MRPPs em Portugal: um “case study” muito interessante

No final dos anos 60 proliferaram no meio universitário inúmeros partidos esquerdistas a maioria deles de inspiração Maoista. Após o 25 de Abril a maioria caiu no esquecimento, porque a liberdade permitiu aos jovens perceberem quão absurdas eram as teses Marxistas-Leninistas. Eu próprio pertenci a um desses partidos de cujo nome já nem me lembro. Um desses partidos mais combativos era o MRPP.

O que é mais interessante no caso do MRPP não é o facto de continuar a existir (embora hoje seja apenas um partido de promoção pessoal de um conhecido advogado Lisboeta) ou de o actual Presidente da Comissão Europeia ter sido um dos seus militantes. Tal como a maioria dos outros partidos o MRPP era constituído por apenas algumas dezenas de militantes que após o 25 de Abril abandonaram a política ou entraram para os partidos parlamentares entretanto criados.

O que é impressionante no caso do MRPP é a quantidade desproporcionada de ex-militantes que hoje desempenham altos cargos nos partidos, na política, na diplomacia e na magistratura. Por exemplo, para além do Dr Durão Barroso, também o actual Secretário de Estado do Orçamento e a Procuradora Geral Adjunta da República foram destacados dirigentes do MRPP.

Em termos de “case study” será interessante estudar se isso foi apenas fruto do acaso ou se teve algo a ver com os promotores do MRPP. O MRPP, tal como a maioria dos outros partidos Maoistas na Europa foram promovidos e financiados pela China. Nalguns casos (como aconteceu na Holanda) os serviços secretos ocidentais aproveitaram mesmo para se infiltrar no movimento Maoista criando eles próprios partidos Maoistas pagos por Pequim. Entre nós o MRPP foi também frequentemente acusado pelo PCP de estar ao serviço da CIA. Que o MRPP tenha sido infiltrado e manipulado pelos serviços secretos Chineses, Russos ou Americanos é provável e normal e não merece grande estudo.

O que merece ser analisado é se depois do 25 de Abril essas agências de espionagem tiverem algum papel na colocação de tantos militantes do MRPP em posições tão relevantes na sociedade Portuguesa.

Passados mais de 35 anos esse estudo pode e deve começar a ser feito por historiadores, politólogos, sociólogos e outros investigadores. Todos teremos a ganhar com um estudo isento e multidisciplinar deste verdadeiro fenómeno na história recente de Portugal.

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