Questionário

Thursday, 26 May 2011

Privatizar depressa e bem

O programa de ajustamento acordado com a Troika prevê um programa de privatizações modesto que permitirá encaixar 5.5 mil milhões de Euros durante a vigência do programa. Lembram-se que só a nacionalização precipitada do BPN custará ao Estado um montante equivalente? Ainda por cima, as privatizações serão feitas uma a uma segundo o modelo convencional.

Entretanto, segundo o Jornal de Negócios, a OCDE terá estimado o valor dos activos estatais privatizáveis em cerca de 30 mil milhões. Não sabemos se está aqui incluída a CGD.

Poderá pensar-se que privatizar ao longo de três anos apenas um sexto dos activos privatizáveis é realista, uma vez que neste momento o mercado não é favorável e teremos de vender a um preço baixo.

Porém se pensarmos melhor vemos imediatamente que esse argumento é falacioso por duas razões. Primeiro, é possível vender rápido e bem se utilizarmos técnicas de privatização adequadas. Segundo, se olharmos ao volume internacional de fusões e aquisições e de IPOs dificilmente podemos considerar o momento actual como mau.

Nos Países de Leste foram experimentadas técnicas de privatização em massa com taxas de sucesso variável de onde podemos retirar alguns ensinamentos. No entanto, no nosso caso existe uma solução ainda mais simples e eficaz.

Por exemplo, basta transferir todas as participações do Estado (incluindo a Parpública) para um ou vários fundos de investimento (private equity) que serão vendidos por concurso internacional a investidores nacionais e estrangeiros. O Estado deverá reter uma percentagem de participação nesse(s) fundo(s) sob a forma de acções preferenciais convertíveis e remuneradas através de uma fórmula de clawback (devolução parcial das mais valias excepcionais). Este modelo permite um encaixe imediato e transfere o momento e forma de venda dos activos em carteira para gestores profissionais independentes do poder político.

Se não optarmos por uma estratégia deste tipo, corremos o risco de acabar no triste espectáculo que é hoje a Grécia.

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