Nos últimos 60 anos Portugal deixou de ser um país rural para se transformar num país de serviços. Porém, esta transformação não foi linear.
Pelo meio tivemos uma economia assente num fugaz processo de industrialização (baseado em sectores mão-de-obra-intensiva, como os têxteis e o calçado) que teve o seu pico em 1970 como se constata na tabela abaixo.
Apesar de termos tido uma reorientação para sectores com produtividade mais elevada, esta transformação na nossa estrutura económica não se traduziu num crescimento significativo da produtividade total. Como podemos verificar na última linha da tabela seguinte o crescimento anual médio da produtividade nunca ultrapassou os 4%, tendo mesmo estagnado nos 0.5% na última década.
Embora tenham ocorrido movimentos migratórios significativos, a população activa total aumentou cerca de 50% nos últimos 60 anos, sobretudo devido ao aumento da taxa de participação das mulheres no mercado de trabalho.
No entanto, como se constata na tabela que se segue, os novos empregos criados para absorver os novos trabalhadores e a população libertada pelo sector agrícola foram-no sobretudo em actividades de serviços com baixa produtividade. De notar ainda que na última década cerca de 10% da população activa esteve desaproveitada em situação de desemprego involuntário.
Os três quadros acima dão-nos um retrato pouco lisonjeiro da evolução de Portugal nos últimos 60 anos. Mais, suscitam muitas questões sobre o nosso futuro, nomeadamente: Estará Portugal condenado a ter um crescimento baixo? Será possível aumentar a nossa produtividade sem alterar a nossa estrutura produtiva e vice-versa? Que quota-parte de responsabilidade cabe ao regime de capitalismo de estado que tivemos durante as duas fases este período (corporativa e socialista)?
Estas são algumas das verdadeiras questões que é imperativo discutir em Portugal.
Thursday, 30 June 2011
Estrutura Produtiva e Produtividade em Portugal
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