Nos últimos 60 anos Portugal deixou de ser um país rural para se transformar num país de serviços. Porém, esta transformação não foi linear.
Pelo meio tivemos uma economia assente num fugaz processo de industrialização (baseado em sectores mão-de-obra-intensiva, como os têxteis e o calçado) que teve o seu pico em 1970 como se constata na tabela abaixo.
Apesar de termos tido uma reorientação para sectores com produtividade mais elevada, esta transformação na nossa estrutura económica não se traduziu num crescimento significativo da produtividade total. Como podemos verificar na última linha da tabela seguinte o crescimento anual médio da produtividade nunca ultrapassou os 4%, tendo mesmo estagnado nos 0.5% na última década.
Embora tenham ocorrido movimentos migratórios significativos, a população activa total aumentou cerca de 50% nos últimos 60 anos, sobretudo devido ao aumento da taxa de participação das mulheres no mercado de trabalho.
No entanto, como se constata na tabela que se segue, os novos empregos criados para absorver os novos trabalhadores e a população libertada pelo sector agrícola foram-no sobretudo em actividades de serviços com baixa produtividade. De notar ainda que na última década cerca de 10% da população activa esteve desaproveitada em situação de desemprego involuntário.
Os três quadros acima dão-nos um retrato pouco lisonjeiro da evolução de Portugal nos últimos 60 anos. Mais, suscitam muitas questões sobre o nosso futuro, nomeadamente: Estará Portugal condenado a ter um crescimento baixo? Será possível aumentar a nossa produtividade sem alterar a nossa estrutura produtiva e vice-versa? Que quota-parte de responsabilidade cabe ao regime de capitalismo de estado que tivemos durante as duas fases este período (corporativa e socialista)?
Estas são algumas das verdadeiras questões que é imperativo discutir em Portugal.
Thursday, 30 June 2011
Estrutura Produtiva e Produtividade em Portugal
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Deixem os Espectadores Decidir
A propósito da intenção do Governo privatizar um dos canais da RTP (adiada para momento oportuno…) as concorrentes SIC e TVI já se pronunciaram contra essa medida: “Mercado da televisão aberta não tem condições para novo canal, dizem Pinto Balsemão e Paes do Amaral”.
É normal que os canais instalados não gostem de mais concorrência, mas um dos princípios básicos do capitalismo de mercado é que quem decide se a nova concorrência é viável ou não são os consumidores e não os capitalistas incumbentes. Já repararam no que aconteceria se cada vez que um empreendedor quisesse abrir um restaurante tivesse que ir pedir autorização aos seus concorrentes? O princípio da soberania do consumidor aplica-se tanto nas indústrias em crescimento como nas que estão em declínio.
É conhecido que os media tradicionais (Imprensa e TV) estão a perder mercado para os novos media baseados na Internet. Por isso, é de esperar que muitos operadores tenham de sair do mercado e que haja lugar a consolidações no sector.
Se aceitarmos este veredicto há fortes razões para que alguns dos operadores no mercado (no caso a RTP) tentem vender as suas operações antes que as mesmas acumulem passivos que as levem à falência. Por isso, não se compreende que o Governo tenha decidido adiar a sua decisão para momento oportuno (esperemos que não seja para as calendas gregas), porque tal adiamento irá certamente prejudicar o erário público.
Quanto à SIC, TVI e outros interessados eles devem demonstrar no mercado quem tem capacidade para sobreviver, consolidar e crescer numa conjuntura de declínio. O vencedor deve ser decidido num mercado livre e transparente e não nos corredores pelos lobbies políticos.
Os espectadores serão soberanos para decidir o resultado. É assim que deve ser num verdadeiro sistema de capitalismo de mercado.
É normal que os canais instalados não gostem de mais concorrência, mas um dos princípios básicos do capitalismo de mercado é que quem decide se a nova concorrência é viável ou não são os consumidores e não os capitalistas incumbentes. Já repararam no que aconteceria se cada vez que um empreendedor quisesse abrir um restaurante tivesse que ir pedir autorização aos seus concorrentes? O princípio da soberania do consumidor aplica-se tanto nas indústrias em crescimento como nas que estão em declínio.
É conhecido que os media tradicionais (Imprensa e TV) estão a perder mercado para os novos media baseados na Internet. Por isso, é de esperar que muitos operadores tenham de sair do mercado e que haja lugar a consolidações no sector.
Se aceitarmos este veredicto há fortes razões para que alguns dos operadores no mercado (no caso a RTP) tentem vender as suas operações antes que as mesmas acumulem passivos que as levem à falência. Por isso, não se compreende que o Governo tenha decidido adiar a sua decisão para momento oportuno (esperemos que não seja para as calendas gregas), porque tal adiamento irá certamente prejudicar o erário público.
Quanto à SIC, TVI e outros interessados eles devem demonstrar no mercado quem tem capacidade para sobreviver, consolidar e crescer numa conjuntura de declínio. O vencedor deve ser decidido num mercado livre e transparente e não nos corredores pelos lobbies políticos.
Os espectadores serão soberanos para decidir o resultado. É assim que deve ser num verdadeiro sistema de capitalismo de mercado.
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Friday, 24 June 2011
Not All Exports Are the Same
In these days, with mounting sovereign debt problems, most people claim that exports provide the way out. This is right, since one approach to deleveraging is through the sale of assets. What to sell is another question. Should you sell what you want or what you can? This depends on how pressed you are. Ideally, you start by trying to sell what you want but often you have to sell what you can.
Even economists who traditionally disagree about everything else accept this conclusion. However, under normal circumstances many dispute whether a country should value more or promote the export sector. Basically, they claim that one Euro earned exporting is identical to one Euro earned domestically.
This simplistic view may be considered a fallacy if it fails the aggregation test. Let us examine the problem using the analogy of a chamber maid. For this assume that there is a country (Tourist-land) with a single fully-foreign-owned hotel and a population made of maids who can clean 20 rooms a day and charge one Euro per room. The hotel has just one type of room with a standard price and its revenue is made up of domestic sales (paid by national guests) and exports (paid by foreign guests).
At an individual level whether a maid earns her Euro doing the room occupied by a national or a foreigner guest is completely indifferent.
But, if the business is improving and the hotel needs to expand to satisfy an increasing demand the situation of all the maids (the national population) will be determined by the way the owner decides to expand the business. For instance, he may decide to differentiate its supply by splitting the business into two hotels one up-market and the other low-cost. In the up-market hotel maids can now do only 16 rooms per day while in the low cost one they will be able to do 25 rooms per day.
If the owner decided to pay the previous daily wage the maids in the up-market hotel would be making €1.25 per room while those in the low-cost hotel would make €0.8. That is, any rise in national income could only be achieved by employing more maids or by asking the currently employed to work overtime to cater for the increased number of guests. Again, it would be indifferent whether these guests were nationals or foreigners.
However, it is unlikely that the maids employed would remain the same. The up-market hotel would require more sophisticated maids while the low-cost hotel could do with less qualified personnel.
Thus the later might be challenged by competitors with lower skills and lower wages (e.g. migrants) while the first would have a need and an opportunity to invest in new skills with a positive return (e.g. education in etiquette, culture and foreign languages or in clothing and other personal attire). Consequently their wages would need to increase to compensate for such investment (for instance the wage of qualified maids might rise to €1.5 Euros per room while the less qualified could decrease to €0.75.
Now, at the individual level the income of the two types of maid would be substantially affected. But, in aggregate, the national income of all maids might remain the same depending on the ratio between the numbers of guests opting for low-cost or up-market rooms.
Here resides the aggregation problem. If the up-market hotel were to be indifferent between attracting national or foreign guests it might soon run-out of wealthy guests and would employ fewer qualified maids. Thus in aggregate the national economy could be even worse-off than before if the share of less qualified maids increased (even if the low-cost hotel were to export more). On the contrary, if the hotel were to target international clients it would not run out so easily of wealthy clients. As a result, the scope to increase the share of qualified maids would be greater creating the conditions to raise national income.
In sum, it does no matter how many foreign tourists the country attracts but the revenue that they generate. That is, what matters is the income elasticity of demand for both types of maids. Only countries specializing in services or products with a high elasticity of demand will have the conditions needed to obtain higher returns in human capital investment.
Thus, although for an individual maid in the up-market hotel it is indifferent whether she is doing the room of a national or of a foreigner, in aggregate that is not true. That is, not all exports are the same.
Even economists who traditionally disagree about everything else accept this conclusion. However, under normal circumstances many dispute whether a country should value more or promote the export sector. Basically, they claim that one Euro earned exporting is identical to one Euro earned domestically.
This simplistic view may be considered a fallacy if it fails the aggregation test. Let us examine the problem using the analogy of a chamber maid. For this assume that there is a country (Tourist-land) with a single fully-foreign-owned hotel and a population made of maids who can clean 20 rooms a day and charge one Euro per room. The hotel has just one type of room with a standard price and its revenue is made up of domestic sales (paid by national guests) and exports (paid by foreign guests).
At an individual level whether a maid earns her Euro doing the room occupied by a national or a foreigner guest is completely indifferent.
But, if the business is improving and the hotel needs to expand to satisfy an increasing demand the situation of all the maids (the national population) will be determined by the way the owner decides to expand the business. For instance, he may decide to differentiate its supply by splitting the business into two hotels one up-market and the other low-cost. In the up-market hotel maids can now do only 16 rooms per day while in the low cost one they will be able to do 25 rooms per day.
If the owner decided to pay the previous daily wage the maids in the up-market hotel would be making €1.25 per room while those in the low-cost hotel would make €0.8. That is, any rise in national income could only be achieved by employing more maids or by asking the currently employed to work overtime to cater for the increased number of guests. Again, it would be indifferent whether these guests were nationals or foreigners.
However, it is unlikely that the maids employed would remain the same. The up-market hotel would require more sophisticated maids while the low-cost hotel could do with less qualified personnel.
Thus the later might be challenged by competitors with lower skills and lower wages (e.g. migrants) while the first would have a need and an opportunity to invest in new skills with a positive return (e.g. education in etiquette, culture and foreign languages or in clothing and other personal attire). Consequently their wages would need to increase to compensate for such investment (for instance the wage of qualified maids might rise to €1.5 Euros per room while the less qualified could decrease to €0.75.
Now, at the individual level the income of the two types of maid would be substantially affected. But, in aggregate, the national income of all maids might remain the same depending on the ratio between the numbers of guests opting for low-cost or up-market rooms.
Here resides the aggregation problem. If the up-market hotel were to be indifferent between attracting national or foreign guests it might soon run-out of wealthy guests and would employ fewer qualified maids. Thus in aggregate the national economy could be even worse-off than before if the share of less qualified maids increased (even if the low-cost hotel were to export more). On the contrary, if the hotel were to target international clients it would not run out so easily of wealthy clients. As a result, the scope to increase the share of qualified maids would be greater creating the conditions to raise national income.
In sum, it does no matter how many foreign tourists the country attracts but the revenue that they generate. That is, what matters is the income elasticity of demand for both types of maids. Only countries specializing in services or products with a high elasticity of demand will have the conditions needed to obtain higher returns in human capital investment.
Thus, although for an individual maid in the up-market hotel it is indifferent whether she is doing the room of a national or of a foreigner, in aggregate that is not true. That is, not all exports are the same.
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Thursday, 23 June 2011
University Men in Business
University Men in Business was the topic of one of the earliest radio broadcasts by John Maynard Keynes in 1927. Obviously, the much discussed and little understood relation between Universities and Business is an ever-lasting theme. The talk was moderated by Sir Ernest Benn, a business man who had not attended University. The two discussants were Mr. Walls, the Managing Director of Lever Bros Ltd, who had attended University and Mr. Keynes of Cambridge University.
After an introduction by Sir Benn, where he made a distinction between education and instruction, here are some interesting extracts of what they said:
Mr. Walls: Universities can help us in business … making the career of business more of a profession than it is today. … Today it is expected that an undergraduate … will leap straight from the university into business and settle down immediately into it. No one expects the same thing of a lawyer or any other professional man (clergy, doctors, etc.).
Business calls for a professionally trained business man and the question is: Can the universities provide him in the same way that they have successfully supplied the older professions?
Mr. Keynes: The men whom the universities have supplied to the business world in the past have belonged to two quite distinct types.
There are first of all the sons of wealthy business parents … they will, at the end of it all, find a safe berth in the family business or in some other concern where the family has influence. … The degree he takes will not be much scrutinized. For him, the university is a pleasant and delightful interlude without much serious bearing in his future career.
The other type consists of undergraduates with no family or other influence in the business world, who are faced with the necessity of earning a living immediately after the conclusion of their university career, and have nothing but themselves to depend upon. These young men are naturally, as a rule, pretty serious workers.
Now, in the past, the majority of university men in business have belonged as a rule to the first type. … I fancy, however, that the other type … is going to become increasingly important.
[Blogger comment: How much has this ratio changed?]
Mr. Walls: What I would be interested to know is what kind of vocational training, if any, followed the university course in these cases.
Mr. Keynes: it is a mistake for the universities to attempt vocational training. Their business is to develop a man’s intelligence and character in such a way that he can pick up relatively quickly the special details of that business he turns to subsequently. … special training … can only be taught by business men to business men.
[Blogger comment: Where are we now on this endless dispute?]
Note: The full transcript can be found in: Keynes on the Wireless, Edited by Donald Moggridge
After an introduction by Sir Benn, where he made a distinction between education and instruction, here are some interesting extracts of what they said:
Mr. Walls: Universities can help us in business … making the career of business more of a profession than it is today. … Today it is expected that an undergraduate … will leap straight from the university into business and settle down immediately into it. No one expects the same thing of a lawyer or any other professional man (clergy, doctors, etc.).
Business calls for a professionally trained business man and the question is: Can the universities provide him in the same way that they have successfully supplied the older professions?
Mr. Keynes: The men whom the universities have supplied to the business world in the past have belonged to two quite distinct types.
There are first of all the sons of wealthy business parents … they will, at the end of it all, find a safe berth in the family business or in some other concern where the family has influence. … The degree he takes will not be much scrutinized. For him, the university is a pleasant and delightful interlude without much serious bearing in his future career.
The other type consists of undergraduates with no family or other influence in the business world, who are faced with the necessity of earning a living immediately after the conclusion of their university career, and have nothing but themselves to depend upon. These young men are naturally, as a rule, pretty serious workers.
Now, in the past, the majority of university men in business have belonged as a rule to the first type. … I fancy, however, that the other type … is going to become increasingly important.
[Blogger comment: How much has this ratio changed?]
Mr. Walls: What I would be interested to know is what kind of vocational training, if any, followed the university course in these cases.
Mr. Keynes: it is a mistake for the universities to attempt vocational training. Their business is to develop a man’s intelligence and character in such a way that he can pick up relatively quickly the special details of that business he turns to subsequently. … special training … can only be taught by business men to business men.
[Blogger comment: Where are we now on this endless dispute?]
Note: The full transcript can be found in: Keynes on the Wireless, Edited by Donald Moggridge
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Wednesday, 22 June 2011
True Democracy ≡ Representative Democracy
Los indignados (the indignant) sit-in by young people in central Madrid and other European capitals is not just one more “youth protest”. The true grievance expressed by many protesters is not simply an adulthood ritual.
Every generation of teens and youngsters needs to affirm their adulthood by contesting their parents. This is usually done by adopting different life styles, entertainments and clothing or by endorsing naive political views. This is a positive process promoting creativity and carried out mostly in peaceful ways (despite the occasional brawl by a few thrilled by violence).
However, the indignant complaints have more to do with failed job expectations and unemployment and what they see as the lack of hope. They feel betrayed by elected politicians who pay only lip service to their concerns. Traditionally left wing parties and anarchists capitalize on this discontent to recruit members and cause some havoc. Ironically this has been a key reason why many youngsters have kept away from such protesters.
Although on the background those parties still try to manipulate the protesters, in general, these have been led by genuine non-partisan leaders. So why are the protesters still embracing revolutionary utopia falsehoods and anti-capitalist propaganda?
Some in the Democracy Camp in Madrid’s Puerta del Sol demand a “Real Democracy Now through neighborhood assemblies”. This amounts to direct democracy, which throughout history has always failed to provide democracy and led to dictatorships. This idea of direct rule by the people is populism based on a false view of early forms of democracy in ancient Greece. Rule by the majority, subject to a constitutional limitation of power to protect minorities, is the true democracy. And that is representative democracy.
Still, youngsters are right in questioning why elected representatives fail to act on their concerns. They need a clear answer to: a) they do not care; b) there is nothing they can do about it; c) the problems are transitory and the labor market will recover soon; or d) that the measures they are taking will work but take some time.
First they need to dispel the first perception. Second they need to fight the main source of anxiety – uncertainty.
This means that classical liberal progressive politicians cannot entrust the young generation to some kind of anger therapy provided by left wing revolutionaries and hope that anxiety dies out soon. For a young person who has been unemployed for more than two years it is not enough to hear that the market will solve the problem some day.
They need hope, and need it now. So, whether politicians believe in demand or supply measures they need to demonstrate action now.
Such action must also include education on why representative democracy together with constitutional liberalism and market capitalism are not the cause but the solution to their problems. They are in fact the only solution that can give young people hope in the future.
Every generation of teens and youngsters needs to affirm their adulthood by contesting their parents. This is usually done by adopting different life styles, entertainments and clothing or by endorsing naive political views. This is a positive process promoting creativity and carried out mostly in peaceful ways (despite the occasional brawl by a few thrilled by violence).
However, the indignant complaints have more to do with failed job expectations and unemployment and what they see as the lack of hope. They feel betrayed by elected politicians who pay only lip service to their concerns. Traditionally left wing parties and anarchists capitalize on this discontent to recruit members and cause some havoc. Ironically this has been a key reason why many youngsters have kept away from such protesters.
Although on the background those parties still try to manipulate the protesters, in general, these have been led by genuine non-partisan leaders. So why are the protesters still embracing revolutionary utopia falsehoods and anti-capitalist propaganda?
Some in the Democracy Camp in Madrid’s Puerta del Sol demand a “Real Democracy Now through neighborhood assemblies”. This amounts to direct democracy, which throughout history has always failed to provide democracy and led to dictatorships. This idea of direct rule by the people is populism based on a false view of early forms of democracy in ancient Greece. Rule by the majority, subject to a constitutional limitation of power to protect minorities, is the true democracy. And that is representative democracy.
Still, youngsters are right in questioning why elected representatives fail to act on their concerns. They need a clear answer to: a) they do not care; b) there is nothing they can do about it; c) the problems are transitory and the labor market will recover soon; or d) that the measures they are taking will work but take some time.
First they need to dispel the first perception. Second they need to fight the main source of anxiety – uncertainty.
This means that classical liberal progressive politicians cannot entrust the young generation to some kind of anger therapy provided by left wing revolutionaries and hope that anxiety dies out soon. For a young person who has been unemployed for more than two years it is not enough to hear that the market will solve the problem some day.
They need hope, and need it now. So, whether politicians believe in demand or supply measures they need to demonstrate action now.
Such action must also include education on why representative democracy together with constitutional liberalism and market capitalism are not the cause but the solution to their problems. They are in fact the only solution that can give young people hope in the future.
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Tuesday, 21 June 2011
Technocracy and Representative Democracy
Some thinkers often question whether a system of representative democracy will lead to government by meritocracy or mediocrity. None of the later do not necessarily follows from the first. People often chose to be represented by a mixed bag of politicians who may promote merit or ideology.
And that is a positive outcome, because history has shown that the idea that governance by technical experts’ leads to a better society is not only wrong but dangerous. Authoritarian regimes of all kinds, from Bismarck’s Germany to Brezhnev’s Soviet Union embraced the idea that government should be entrusted to trained administrators or engineers but failed to achieve the efficiency success they proclaimed.
As the theory goes technocrats, econocrats and bureaucrats are primarily driven by their cognitive "problem-solution mindsets" and only in part by particular occupational group interests.
That is, they are concerned by the means (efficiency) and not the ends. But here lies the danger of ending up accepting that the end justifies the means.
The engineers that built the gas chambers in the German concentration camps might have devised an efficient way of killing millions of Jews but they did not question that they were committing an atrocity. They probably used the old excuse that they were just following orders.
The fashions about which professional class (engineers, economists, lawyers, scientists, doctors, media professionals, etc.) is better placed to govern may change with the regimes but the problem remains.
The selection of leaders by merit under equal opportunity conditions is a desirable process but only if it does not lead to the creation of a separate cast.
To paraphrase the old say: politics is too important to be left to professional experts.
And that is a positive outcome, because history has shown that the idea that governance by technical experts’ leads to a better society is not only wrong but dangerous. Authoritarian regimes of all kinds, from Bismarck’s Germany to Brezhnev’s Soviet Union embraced the idea that government should be entrusted to trained administrators or engineers but failed to achieve the efficiency success they proclaimed.
As the theory goes technocrats, econocrats and bureaucrats are primarily driven by their cognitive "problem-solution mindsets" and only in part by particular occupational group interests.
That is, they are concerned by the means (efficiency) and not the ends. But here lies the danger of ending up accepting that the end justifies the means.
The engineers that built the gas chambers in the German concentration camps might have devised an efficient way of killing millions of Jews but they did not question that they were committing an atrocity. They probably used the old excuse that they were just following orders.
The fashions about which professional class (engineers, economists, lawyers, scientists, doctors, media professionals, etc.) is better placed to govern may change with the regimes but the problem remains.
The selection of leaders by merit under equal opportunity conditions is a desirable process but only if it does not lead to the creation of a separate cast.
To paraphrase the old say: politics is too important to be left to professional experts.
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Monday, 20 June 2011
O Mito dos Independentes na Política
Supostamente o novo governo tem 1/3 de ministros independentes. Para uns isso será um bom sinal mas para outros é um erro. Para avaliar as vantagens e desvantagens dos ditos independentes é preciso primeiro esclarecer o que é um independente.
Existe uma grande confusão sobre o que é um independente. Para uns trata-se de uma pessoa imparcial relativamente aos partidos, para alguns é uma pessoa apolítica, para outros é um vira-casacas (que apoia o partido que estiver no poder) e para alguns é mesmo uma pessoa anti-política.
Estas quatro definições estão todas erradas. Formalmente, um independente é uma pessoa que não é filiada em nenhum partido. Ponto final. Na verdade, dado o baixo nível de filiação partidária em Portugal (inferior à média dos clubes de futebol), podemos dizer que a maioria dos Portugueses é independente. Por isso a classificação de independente é pouco esclarecedora para servir de base a uma avaliação do mérito.
O nosso posicionamento em relação aos partidos políticos é distinto do posicionamento em relação à política. Uma das grandes vantagens da democracia representativa é que a maioria das pessoas não precisa de se interessar pela política, mas mesmo assim pode fazer valer a sua opinião nos momentos eleitorais através do seu voto pessoal e intransmissível.
Em relação aos que se interessam pela política eles têm de ter alguma forma de relacionamento com os partidos políticos. Podem fazê-lo de várias formas indo desde o militante activo, ao militante que apenas paga as quotas, ao cooperante influente ou ocasional, simpatizante, votante regular, e votante ocasional até aos inimigos, adversários, antipatizantes ou indiferentes relativamente a um partido político. Por isso não faz sentido que as pessoas confundam independência com imparcialidade ou indiferença.
No meu caso pessoal, enquanto adepto do liberalismo constitucional, acabo por ser um votante ocasional no PSD embora não me reveja nesse partido por ser predominantemente social-democrata. Obviamente não sou filiado mas isso não me dá o estatuto de independente no sentido de imparcial ou indiferente relativamente aos seus resultados eleitorais. Por analogia, apesar de não me interessar por futebol, simpatizo mais com o Porto do que com o Benfica. Por isso quando estão os dois a jogar eu torço pelo Porto. Obviamente que não sou indiferente aos resultados do jogo. Isto é, não sou independente no sentido de imparcial.
De igual modo, dizer que o Dr. Catorga ou o Dr. Silva Lopes são independentes respectivamente do PSD e do PS não quer dizer que eles sejam indiferentes a esses partidos. O primeiro é um cooperante influente do PSD e o segundo é um cooperante ocasional do PS. O facto de ambos não serem filiados nos respectivos partidos não quer dizer que sejam imparciais em relação às políticas dos seus respectivos partidos ou desinteressados em relação à actividade política dos mesmos.
Então porque é que essas pessoas não aderem aos respectivos partidos? Moralmente existem boas e más razões para recusar a filiação partidária, mesmo quando não se recusa igualmente a detenção de cargos políticos eleitos ou não.
Existem diversas razões legítimas para os apoiantes regulares dos partidos não se envolverem na actividade partidária. Entre elas destacamos o desejo de não terem de se submeter à disciplina partidária, de não gostarem de se envolver nas lutas pelo poder dentro dos partidos, não terem tempo para dedicar ao partido ou de não estarem suficientemente motivados para a actividade política.
Mas existem igualmente razões moralmente reprováveis de oportunismo político. Por exemplo, não se filiar para deixar a porta aberta a convites de outros partidos para cargos políticos. Ou, no caso dos autarcas, para conseguirem o apoio dos militantes dos outros partidos para a sua reeleição.
O oportunismo político de tais pessoas pode ser desculpável nalguns casos mas noutros é claramente condenável. Por exemplo, acontece muitas vezes ao nível nacional que os detentores de cargos políticos não eleitos quando antevêem que existe a probabilidade de uma mudança política começam a ser críticos das políticas correntes e a demonstrar alguma compreensão pelas políticas da oposição de modo a que possam ser retidos ou repescados para novas funções quando houver mudança de governo. Este comportamento é particularmente visível entre os adeptos do chamado “centrão” e entre pessoas ligadas por laços familiares, amizades ou comunhão de interesses.
Existem ainda um grupo de ditos independentes que esconde o seu oportunismo político adoptando uma atitude de sobranceria que os leva afirmar-se como apolíticos ou como estando acima dos partidos e a quem os partidos têm obrigação de recorrer. Quando não se trata somente da normal sublimação da fraqueza através da arrogância, esta forma de oportunismo é das mais perniciosas.
Em suma, as razões ilegítimas e imorais para se recorrer ao estatuto de independente são muito mais numerosas do que as razões válidas. Por isso, não vemos qualquer razão para se invocar o estatuto de independente como algo de positivo para a vida política. Os partidos devem antes procurar alargar a área de recrutamento para cargos políticos aos seus simpatizantes que não sejam militantes (mesmo correndo o risco de atrair os chamados simpatizantes de ocasião) mas não devem promover o estatuto de independente pois o que se possa ganhar em competência perde-se em oportunismo.
Quando as pessoas ocupam cargos políticos devem claramente afirmar o seu alinhamento político. Mais ainda, se ocuparem com regularidade cargos políticos devem mesmo traduzir as suas simpatias políticas através da filiação partidária. Tal transparência é boa para os próprios e para os partidos.
Só com transparência uma democracia é verdadeiramente representativa. De outro modo, num país como o nosso onde existe um número excessivo de cargos políticos não eleitos, corre-se o risco de confundir a democracia representativa com as formas perversas de democracia latino-americana no estilo Mexicano ou Venezuelano.
Existe uma grande confusão sobre o que é um independente. Para uns trata-se de uma pessoa imparcial relativamente aos partidos, para alguns é uma pessoa apolítica, para outros é um vira-casacas (que apoia o partido que estiver no poder) e para alguns é mesmo uma pessoa anti-política.
Estas quatro definições estão todas erradas. Formalmente, um independente é uma pessoa que não é filiada em nenhum partido. Ponto final. Na verdade, dado o baixo nível de filiação partidária em Portugal (inferior à média dos clubes de futebol), podemos dizer que a maioria dos Portugueses é independente. Por isso a classificação de independente é pouco esclarecedora para servir de base a uma avaliação do mérito.
O nosso posicionamento em relação aos partidos políticos é distinto do posicionamento em relação à política. Uma das grandes vantagens da democracia representativa é que a maioria das pessoas não precisa de se interessar pela política, mas mesmo assim pode fazer valer a sua opinião nos momentos eleitorais através do seu voto pessoal e intransmissível.
Em relação aos que se interessam pela política eles têm de ter alguma forma de relacionamento com os partidos políticos. Podem fazê-lo de várias formas indo desde o militante activo, ao militante que apenas paga as quotas, ao cooperante influente ou ocasional, simpatizante, votante regular, e votante ocasional até aos inimigos, adversários, antipatizantes ou indiferentes relativamente a um partido político. Por isso não faz sentido que as pessoas confundam independência com imparcialidade ou indiferença.
No meu caso pessoal, enquanto adepto do liberalismo constitucional, acabo por ser um votante ocasional no PSD embora não me reveja nesse partido por ser predominantemente social-democrata. Obviamente não sou filiado mas isso não me dá o estatuto de independente no sentido de imparcial ou indiferente relativamente aos seus resultados eleitorais. Por analogia, apesar de não me interessar por futebol, simpatizo mais com o Porto do que com o Benfica. Por isso quando estão os dois a jogar eu torço pelo Porto. Obviamente que não sou indiferente aos resultados do jogo. Isto é, não sou independente no sentido de imparcial.
De igual modo, dizer que o Dr. Catorga ou o Dr. Silva Lopes são independentes respectivamente do PSD e do PS não quer dizer que eles sejam indiferentes a esses partidos. O primeiro é um cooperante influente do PSD e o segundo é um cooperante ocasional do PS. O facto de ambos não serem filiados nos respectivos partidos não quer dizer que sejam imparciais em relação às políticas dos seus respectivos partidos ou desinteressados em relação à actividade política dos mesmos.
Então porque é que essas pessoas não aderem aos respectivos partidos? Moralmente existem boas e más razões para recusar a filiação partidária, mesmo quando não se recusa igualmente a detenção de cargos políticos eleitos ou não.
Existem diversas razões legítimas para os apoiantes regulares dos partidos não se envolverem na actividade partidária. Entre elas destacamos o desejo de não terem de se submeter à disciplina partidária, de não gostarem de se envolver nas lutas pelo poder dentro dos partidos, não terem tempo para dedicar ao partido ou de não estarem suficientemente motivados para a actividade política.
Mas existem igualmente razões moralmente reprováveis de oportunismo político. Por exemplo, não se filiar para deixar a porta aberta a convites de outros partidos para cargos políticos. Ou, no caso dos autarcas, para conseguirem o apoio dos militantes dos outros partidos para a sua reeleição.
O oportunismo político de tais pessoas pode ser desculpável nalguns casos mas noutros é claramente condenável. Por exemplo, acontece muitas vezes ao nível nacional que os detentores de cargos políticos não eleitos quando antevêem que existe a probabilidade de uma mudança política começam a ser críticos das políticas correntes e a demonstrar alguma compreensão pelas políticas da oposição de modo a que possam ser retidos ou repescados para novas funções quando houver mudança de governo. Este comportamento é particularmente visível entre os adeptos do chamado “centrão” e entre pessoas ligadas por laços familiares, amizades ou comunhão de interesses.
Existem ainda um grupo de ditos independentes que esconde o seu oportunismo político adoptando uma atitude de sobranceria que os leva afirmar-se como apolíticos ou como estando acima dos partidos e a quem os partidos têm obrigação de recorrer. Quando não se trata somente da normal sublimação da fraqueza através da arrogância, esta forma de oportunismo é das mais perniciosas.
Em suma, as razões ilegítimas e imorais para se recorrer ao estatuto de independente são muito mais numerosas do que as razões válidas. Por isso, não vemos qualquer razão para se invocar o estatuto de independente como algo de positivo para a vida política. Os partidos devem antes procurar alargar a área de recrutamento para cargos políticos aos seus simpatizantes que não sejam militantes (mesmo correndo o risco de atrair os chamados simpatizantes de ocasião) mas não devem promover o estatuto de independente pois o que se possa ganhar em competência perde-se em oportunismo.
Quando as pessoas ocupam cargos políticos devem claramente afirmar o seu alinhamento político. Mais ainda, se ocuparem com regularidade cargos políticos devem mesmo traduzir as suas simpatias políticas através da filiação partidária. Tal transparência é boa para os próprios e para os partidos.
Só com transparência uma democracia é verdadeiramente representativa. De outro modo, num país como o nosso onde existe um número excessivo de cargos políticos não eleitos, corre-se o risco de confundir a democracia representativa com as formas perversas de democracia latino-americana no estilo Mexicano ou Venezuelano.
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Saturday, 18 June 2011
O Novo Governo – Mudança de Geração e Tecnocracia
Passos Coelho apresentou ontem o seu Governo. Os aspectos mais relevantes da sua composição são a “juventude” dos ministros, a total ausência de políticos experientes (com excepção de Paulo Portas) e a predominância de académicos e tecnocratas sem filiação partidária nas pastas mais importantes.
Trata-se de uma mudança radical na forma tradicional de formar governos em Portugal, que naturalmente causa alguma inquietude. O país precisa que esta solução de recurso dê certo (os políticos mais experientes como Catroga e Victor Bento terão declinado liderar os chamados super-ministérios). Por isso, devemos todos dar-lhe o benefício da dúvida, sem contudo deixar de ponderar as suas vantagens e limitações.
Muitos países sujeitos a programas de ajustamento do FMI têm optado por governos de tecnocratas reservando-se os políticos para o período pós-programa. Os resultados desta opção podem ser radicalmente diferentes em função da forma como decorre o programa de ajustamento. Se o mesmo for excessivo e gerar grande revolta social os governos tecnocratas revelam-se incapazes de gerir os conflitos sociais e geralmente soçobram. Caso contrário são uma boa solução interina porque são menos permeáveis aos grupos de interesses que gravitam à volta dos partidos.
No caso Português o programa do FMI é bastante moderado. Nesse sentido, ministros tecnocratas como Paulo Macedo e Victor Gaspar têm boas condições para ter sucesso. Ambos são bons especialistas na sua área (respectivamente, Fiscalidade e Teoria Económica) e determinados, embora algo dogmáticos. Estas qualidades são boas para fazer face aos lobbies instalados nos dois sectores. Porém, se como é possível o programa do FMI falhar antes do seu término em 2013 essas mesmas qualidades passarão a ser defeitos inconvenientes.
Quanto à ausência de políticos experientes (lembremos que o próprio Primeiro-Ministro não tem experiência governativa) essa desvantagem só será perigosa em duas circunstâncias. Em primeiro lugar se o próprio Primeiro-ministro for incapaz de liderar efectivamente o Governo ou entrar em rota de colisão com Paulo Portas. Em segundo lugar, se o Primeiro-ministro governar através dos Secretários de Estado escolhidos pelo aparelho partidário, retirando aos Ministros o papel de verdadeiros coordenadores e remetendo-os para figuras de representação. Infelizmente, esta prática está muito enraizada no nosso sistema de Governo e foi mesmo exacerbada por Sócrates.
A forma mais simples de Passos Coelho evitar este problema é replicar o que fazia Salazar e faz a McKinsey – isto é, identificar nas Universidades/Empresas (e não nas Jotas) os jovens mais brilhantes e atraí-los para uma carreira “fast-track” de formação para futuros políticos (passando sucessivamente por Adjuntos, Directores, Sub-secretários de Estado e Secretários de Estado).
Finalmente, o aspecto mais relevante é a substituição da geração dos anos 70 pela geração dos anos 80. Não se trata de apenas mais uma mudança inevitável e natural de gerações.
A minha geração de 70 teve a particularidade de ainda ter vivido o final do Estado Novo e ter iniciado a sua carreira durante o PREC. Talvez por isso, está ainda enviesada de um misto de ideias revolucionárias, colectivistas e anti-capitalista. Formou-se no fervor da luta pós-revolucionária, sem grande formação académica, e isso reflectiu-se na sua incapacidade para governar o país e enfrentar as novas realidades da globalização.
A geração de 80 ainda apanhou o final do caos nas Universidades e formou-se no período das privatizações e acumulação rápida de riqueza sobretudo no sector financeiro. A chamada geração Yuppie ("young upwardly mobile professional") era mais motivada pelo dinheiro do que por ideais, sendo geralmente adversa à cultura.
É ironia do destino que lhe caiba agora gerir o país numa situação de empobrecimento e declínio. Fazendo um paralelo com a reestruturação das empresas, esperemos que esta geração saiba suprir as suas falhas culturais e nos surpreenda pela positiva fazendo com sucesso o turnaround da situação em vez de optar pelo expediente da liquidação típico dos buyout and vulture funds.
Em conclusão, estamos no inicio de uma nova fase que tanto poderá ser o culminar do regime de capitalismo de estado socialista dos últimos 36 anos como o inicio de uma mudança reformista para um novo regime de capitalismo de mercado. Em parte, a via escolhida dependerá da capacidade do Primeiro-ministro aplicar as suas proclamadas ideias liberais para libertar o enorme potencial que existe no povo Português.
MJMDV6UTZD32
Trata-se de uma mudança radical na forma tradicional de formar governos em Portugal, que naturalmente causa alguma inquietude. O país precisa que esta solução de recurso dê certo (os políticos mais experientes como Catroga e Victor Bento terão declinado liderar os chamados super-ministérios). Por isso, devemos todos dar-lhe o benefício da dúvida, sem contudo deixar de ponderar as suas vantagens e limitações.
Muitos países sujeitos a programas de ajustamento do FMI têm optado por governos de tecnocratas reservando-se os políticos para o período pós-programa. Os resultados desta opção podem ser radicalmente diferentes em função da forma como decorre o programa de ajustamento. Se o mesmo for excessivo e gerar grande revolta social os governos tecnocratas revelam-se incapazes de gerir os conflitos sociais e geralmente soçobram. Caso contrário são uma boa solução interina porque são menos permeáveis aos grupos de interesses que gravitam à volta dos partidos.
No caso Português o programa do FMI é bastante moderado. Nesse sentido, ministros tecnocratas como Paulo Macedo e Victor Gaspar têm boas condições para ter sucesso. Ambos são bons especialistas na sua área (respectivamente, Fiscalidade e Teoria Económica) e determinados, embora algo dogmáticos. Estas qualidades são boas para fazer face aos lobbies instalados nos dois sectores. Porém, se como é possível o programa do FMI falhar antes do seu término em 2013 essas mesmas qualidades passarão a ser defeitos inconvenientes.
Quanto à ausência de políticos experientes (lembremos que o próprio Primeiro-Ministro não tem experiência governativa) essa desvantagem só será perigosa em duas circunstâncias. Em primeiro lugar se o próprio Primeiro-ministro for incapaz de liderar efectivamente o Governo ou entrar em rota de colisão com Paulo Portas. Em segundo lugar, se o Primeiro-ministro governar através dos Secretários de Estado escolhidos pelo aparelho partidário, retirando aos Ministros o papel de verdadeiros coordenadores e remetendo-os para figuras de representação. Infelizmente, esta prática está muito enraizada no nosso sistema de Governo e foi mesmo exacerbada por Sócrates.
A forma mais simples de Passos Coelho evitar este problema é replicar o que fazia Salazar e faz a McKinsey – isto é, identificar nas Universidades/Empresas (e não nas Jotas) os jovens mais brilhantes e atraí-los para uma carreira “fast-track” de formação para futuros políticos (passando sucessivamente por Adjuntos, Directores, Sub-secretários de Estado e Secretários de Estado).
Finalmente, o aspecto mais relevante é a substituição da geração dos anos 70 pela geração dos anos 80. Não se trata de apenas mais uma mudança inevitável e natural de gerações.
A minha geração de 70 teve a particularidade de ainda ter vivido o final do Estado Novo e ter iniciado a sua carreira durante o PREC. Talvez por isso, está ainda enviesada de um misto de ideias revolucionárias, colectivistas e anti-capitalista. Formou-se no fervor da luta pós-revolucionária, sem grande formação académica, e isso reflectiu-se na sua incapacidade para governar o país e enfrentar as novas realidades da globalização.
A geração de 80 ainda apanhou o final do caos nas Universidades e formou-se no período das privatizações e acumulação rápida de riqueza sobretudo no sector financeiro. A chamada geração Yuppie ("young upwardly mobile professional") era mais motivada pelo dinheiro do que por ideais, sendo geralmente adversa à cultura.
É ironia do destino que lhe caiba agora gerir o país numa situação de empobrecimento e declínio. Fazendo um paralelo com a reestruturação das empresas, esperemos que esta geração saiba suprir as suas falhas culturais e nos surpreenda pela positiva fazendo com sucesso o turnaround da situação em vez de optar pelo expediente da liquidação típico dos buyout and vulture funds.
Em conclusão, estamos no inicio de uma nova fase que tanto poderá ser o culminar do regime de capitalismo de estado socialista dos últimos 36 anos como o inicio de uma mudança reformista para um novo regime de capitalismo de mercado. Em parte, a via escolhida dependerá da capacidade do Primeiro-ministro aplicar as suas proclamadas ideias liberais para libertar o enorme potencial que existe no povo Português.
MJMDV6UTZD32
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Friday, 17 June 2011
The IMF/EU/ECB bailout for Portugal: Structural Reforms
The IMF diagnostic of the Portuguese situation is broadly correct: “deep-rooted structural problems—including low productivity, weak competitiveness, and high debt—severely undermine potential growth”. To re-launch growth the adjustment program includes a set of structural reforms focused on “increasing competition, reducing labor costs, and boosting employment and productivity”.
Yet the end of the dismal growth of the Portuguese economy over the last decade (only 0.7% of annual growth) is not on sight. The cyclical rebound expected for 2013–14 will reach only 2.5% and will decline subsequently to 2%. Unemployment is projected to peak at 13 percent in 2012 and the current account deficit is projected to narrow gradually to 3.4% in 2014. The unemployment and the current account projections seem to be on the optimistic side. In particular the expected strong decline in imports is at odds with the expected growth of exports given the high import content of Portuguese exports.
The five key measures include: a) a fiscal devaluation through the payroll taxes; b) a reform of the housing market; c) a reduction in the backlog of judicial cases; d) increased labor market flexibility by reducing severance pay by 1/3 (10 days) and restricting unemployment benefits; e) reducing the implicit subsidies in the electricity sector and improve the competition framework to rebalance growth towards the tradable sector and reduce rent-seeking behavior; and f) a privatization program aimed at raising €5 billion in revenue.
These measures point in the right direction but are modest and miss some of the major cancers that we identified in the Portuguese economy. For instance, they completely fail to address the widespread system of subsidies that are an important source of corruption, make companies subsidy-dependent and kill true entrepreneurship. Moreover the efficacy of the measures listed above is questionable in some cases.
Namely, the privatization program is too slow and too modest. And, in cases like water supply, it might add to the problems already caused by other privatized utilities. Indeed, the program would need to be supplemented by a nationalization program covering PPPs, the health sector and some utilities.
Likewise improvements in the competitive framework are not enough to solve the rent-seeking problems mining the Portuguese competitiveness. As has been observed in the oil sector collusion among oligopolistic firms is clearly seen but not easily proved. For example, an efficient and competitive solution could be achieved by introducing a leveling field fee to ensure cross border competition.
Most importantly the fiscal devaluation may turn out to be fiscally non-neutral and insufficient. Its broad base makes it a costly solution and the offsetting tax rises will dampen growth. Assuming a likely cut of about 4% this means a one-off reduction in unit costs of less than 2.5%. Thus its impact on growth might not even be enough to offset the reduction in growth caused by the tax rise. In any case this compares poorly with a potential 7% devaluation achieved with our proposal to increase the number of working hours.
In conclusion, although the IMF program points in the right direction it will not reverse the slow growth of the Portuguese economy and may not fulfill the countries ambition to resume the normal access to international markets and to take care of its own destiny. Unless the new government is able to improve and extend the IMF program, I am afraid that we will need soon another bailout.
Yet the end of the dismal growth of the Portuguese economy over the last decade (only 0.7% of annual growth) is not on sight. The cyclical rebound expected for 2013–14 will reach only 2.5% and will decline subsequently to 2%. Unemployment is projected to peak at 13 percent in 2012 and the current account deficit is projected to narrow gradually to 3.4% in 2014. The unemployment and the current account projections seem to be on the optimistic side. In particular the expected strong decline in imports is at odds with the expected growth of exports given the high import content of Portuguese exports.
The five key measures include: a) a fiscal devaluation through the payroll taxes; b) a reform of the housing market; c) a reduction in the backlog of judicial cases; d) increased labor market flexibility by reducing severance pay by 1/3 (10 days) and restricting unemployment benefits; e) reducing the implicit subsidies in the electricity sector and improve the competition framework to rebalance growth towards the tradable sector and reduce rent-seeking behavior; and f) a privatization program aimed at raising €5 billion in revenue.
These measures point in the right direction but are modest and miss some of the major cancers that we identified in the Portuguese economy. For instance, they completely fail to address the widespread system of subsidies that are an important source of corruption, make companies subsidy-dependent and kill true entrepreneurship. Moreover the efficacy of the measures listed above is questionable in some cases.
Namely, the privatization program is too slow and too modest. And, in cases like water supply, it might add to the problems already caused by other privatized utilities. Indeed, the program would need to be supplemented by a nationalization program covering PPPs, the health sector and some utilities.
Likewise improvements in the competitive framework are not enough to solve the rent-seeking problems mining the Portuguese competitiveness. As has been observed in the oil sector collusion among oligopolistic firms is clearly seen but not easily proved. For example, an efficient and competitive solution could be achieved by introducing a leveling field fee to ensure cross border competition.
Most importantly the fiscal devaluation may turn out to be fiscally non-neutral and insufficient. Its broad base makes it a costly solution and the offsetting tax rises will dampen growth. Assuming a likely cut of about 4% this means a one-off reduction in unit costs of less than 2.5%. Thus its impact on growth might not even be enough to offset the reduction in growth caused by the tax rise. In any case this compares poorly with a potential 7% devaluation achieved with our proposal to increase the number of working hours.
In conclusion, although the IMF program points in the right direction it will not reverse the slow growth of the Portuguese economy and may not fulfill the countries ambition to resume the normal access to international markets and to take care of its own destiny. Unless the new government is able to improve and extend the IMF program, I am afraid that we will need soon another bailout.
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Thursday, 16 June 2011
The IMF/EU/ECB bailout for Portugal: Banking Sector Reform
The IMF/EU/BCE banking sector reforms are aimed at enhancing the resilience of the banking sector “by increasing capital requirements through market-based solutions, supported by a fully funded capital backstop facility. Safeguards to help ensure adequate banking system liquidity are strengthened. ”
The key measures include: a) require banks to raise their core Tier 1 capital to 9 percent by end-2011 and 10 percent at the latest by end-2012. Banks are supposed to raise the necessary capital through the market, with the exception of CGD which will raise the money by shedding assets (mostly its insurance business). The Government will also set up a contingent cash facility of €12 billion to rescue banks in trouble; b) increase by €15 billion (to €35 billion) the Government guarantee fund for bank bond issues which can be used for ECB refinancing; c) bring the BPN case to a close; and d) improve the Central Bank supervision system as well as the Deposit Insurance mechanism.
Since the Portuguese banks were not exposed to the sub-prime crisis or to a real estate bubble, the measures seem enough to maintain the sector for about two years until it can access the wholesale market again. However, should the Portuguese sovereign debt crisis continue beyond that or should a restructuring take place before that then new measures will be needed.
Yet the program can be considered to be a missed opportunity to force a much needed streamlining and change of the business model of the Portuguese banks. These have been plagued by a chronic lack of capital (tolerated by the authorities) which was used to preserve the control of the banks in the hands of a few insiders; while disguising a low profitability in a cozy government protected market. Moreover, some of the banks have a dangerous maturity mismatch caused by a low deposit base and a high exposure to long term loans to the mortgage sector, PPPs, utilities and some equity stakes.
In order to avoid that banks carry out their deleveraging mainly through a reduction of credit to the non-state-owned corporate sector and the household sector, with major social and macro-economic consequences, the banks should be forced to change their traditional business model.
For instance, this could be easily achieved by limiting their equity stakes in public companies (contributing to provide liquidity to the stock market and reduce the many incestuous relations). Likewise the Government should recapitalize adequately the surviving state-owned enterprises to reduce the banks’ exposure to that sector. Most importantly, the Government should nationalize the PPPs to remove them from the banks’ balance sheet. This should be financed by a long-term loan from the EU EFSF/ESM.
In conclusion, the authorities need to be more creative because the success of the financial sector reform and fiscal stabilization are inextricably intertwined for the good and the bad.
The key measures include: a) require banks to raise their core Tier 1 capital to 9 percent by end-2011 and 10 percent at the latest by end-2012. Banks are supposed to raise the necessary capital through the market, with the exception of CGD which will raise the money by shedding assets (mostly its insurance business). The Government will also set up a contingent cash facility of €12 billion to rescue banks in trouble; b) increase by €15 billion (to €35 billion) the Government guarantee fund for bank bond issues which can be used for ECB refinancing; c) bring the BPN case to a close; and d) improve the Central Bank supervision system as well as the Deposit Insurance mechanism.
Since the Portuguese banks were not exposed to the sub-prime crisis or to a real estate bubble, the measures seem enough to maintain the sector for about two years until it can access the wholesale market again. However, should the Portuguese sovereign debt crisis continue beyond that or should a restructuring take place before that then new measures will be needed.
Yet the program can be considered to be a missed opportunity to force a much needed streamlining and change of the business model of the Portuguese banks. These have been plagued by a chronic lack of capital (tolerated by the authorities) which was used to preserve the control of the banks in the hands of a few insiders; while disguising a low profitability in a cozy government protected market. Moreover, some of the banks have a dangerous maturity mismatch caused by a low deposit base and a high exposure to long term loans to the mortgage sector, PPPs, utilities and some equity stakes.
In order to avoid that banks carry out their deleveraging mainly through a reduction of credit to the non-state-owned corporate sector and the household sector, with major social and macro-economic consequences, the banks should be forced to change their traditional business model.
For instance, this could be easily achieved by limiting their equity stakes in public companies (contributing to provide liquidity to the stock market and reduce the many incestuous relations). Likewise the Government should recapitalize adequately the surviving state-owned enterprises to reduce the banks’ exposure to that sector. Most importantly, the Government should nationalize the PPPs to remove them from the banks’ balance sheet. This should be financed by a long-term loan from the EU EFSF/ESM.
In conclusion, the authorities need to be more creative because the success of the financial sector reform and fiscal stabilization are inextricably intertwined for the good and the bad.
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Wednesday, 15 June 2011
The IMF/EU/ECB bailout of Portugal: Fiscal Stabilization
In our preliminary reaction to the IMF/EU/ECB €78 billion bailout for Portugal we thought it looked like too little, too late and too soft. We promised then a full verdict once the details of the program were known. This is the first part covering fiscal consolidation.
In contrast with Greece, at the outset, the Portuguese program has only two criteria of quantitative performance – a General Government deficit of €10.3 billion in 2011 to be reduced to €7.6 billion in 2012 and a ceiling on the overall stock of General Government debt of €175.9 billion in 2011 and €189.4 billion in 2012. With nominal GDP forecasted to decline by 1.1% it will be only €170.6 billion in 2011.
MJMDV6UTZD32
Under the IMF projections the program of fiscal stabilization will cut the deficit from an average of 9.6% of GDP (€16.5 billion) in 2009-2010 to 3% in 2013. This is achieved through a projected growth of revenues equivalent to 0.8% of GDP and a reduction in spending equal to 5.4% of GDP. The increased revenue target of €2 billion will be achieved mostly through VAT rises and reductions in tax benefits. The bulk of the €9 billion in expenditure cuts will be achieved by freezing the nominal wages of civil servants until 2013, an average cut of 3% on pensions above €1500 (a similar cut was already made to civil servants wages), downsizing the central government, saving in healthcare and education, cutting public sector investment and reducing transfers for loss making state-owned enterprises.
The program of fiscal consolidation must be judged on three fronts – compliance probability, future sustainability, burden sharing and macro-economic impact.
The targets seem to have been set deliberately low so that they can be met. We have estimated that only to roll back the excess spending of the Socialist Governments Portugal needs cuts amounting to at least 8% of GDP. Yet, there are still some uncertainties that are worth noting. On the revenue side the fiscal neutrality of the cut in payroll taxes is not certain. However, it is on the expenditure side that the resistance is going to be greater. In particular, in terms of downsizing the government, controlling health costs and reducing transfers to state-owned enterprises.
In terms of future sustainability the targets are not only timid but uncertain. For instance, the program of privatizations is targeted at raising only €5.5 billion. So, the IMF forecasts still assume a significant rise in public debt to 115% of GDP in 2014 in an economy that is not expected to grow at more than 2% in the post-recession period. In the context of continuing speculation against the weak links in the Euro Area this will not allow Portugal’s return to the market at reasonable interest rates. Moreover, three of the major public finance problems (unknown payment arrears, off-balance sheet debt and guarantees to banks and PPPs and the need for a full fiscal reform) are only left for further study.
In what concerns the fairness of burden distribution, the program is clearly biased against the lower and upper middle classes and the civil servants. Moreover, it barely touches the subsidization of privatized monopolies and other special interest groups. Again, these are only left for further study.
Finally, the macro-economic consequences of the fiscal adjustment point to a negative contribution to growth of 1.4% in 2011 and 1% in 2012. This seems a little optimistic especially when compared to a 2.9% negative contribution of private consumption (which includes civil servants and pensioners). The IMF attempt to avoid a sharper recession is reasonable, but it is unlikely to succeed given the foreseeable slowdown in the global economy and the generalized lack of confidence in the long term growth prospects of the country.
In conclusion, a timid program of fiscal consolidation in a context of global uncertainty might allow the country to get by in the next two years. Whether it will be enough to avoid the need for another future bailout and or debt restructuring is doubtful.
In contrast with Greece, at the outset, the Portuguese program has only two criteria of quantitative performance – a General Government deficit of €10.3 billion in 2011 to be reduced to €7.6 billion in 2012 and a ceiling on the overall stock of General Government debt of €175.9 billion in 2011 and €189.4 billion in 2012. With nominal GDP forecasted to decline by 1.1% it will be only €170.6 billion in 2011.
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Under the IMF projections the program of fiscal stabilization will cut the deficit from an average of 9.6% of GDP (€16.5 billion) in 2009-2010 to 3% in 2013. This is achieved through a projected growth of revenues equivalent to 0.8% of GDP and a reduction in spending equal to 5.4% of GDP. The increased revenue target of €2 billion will be achieved mostly through VAT rises and reductions in tax benefits. The bulk of the €9 billion in expenditure cuts will be achieved by freezing the nominal wages of civil servants until 2013, an average cut of 3% on pensions above €1500 (a similar cut was already made to civil servants wages), downsizing the central government, saving in healthcare and education, cutting public sector investment and reducing transfers for loss making state-owned enterprises.
The program of fiscal consolidation must be judged on three fronts – compliance probability, future sustainability, burden sharing and macro-economic impact.
The targets seem to have been set deliberately low so that they can be met. We have estimated that only to roll back the excess spending of the Socialist Governments Portugal needs cuts amounting to at least 8% of GDP. Yet, there are still some uncertainties that are worth noting. On the revenue side the fiscal neutrality of the cut in payroll taxes is not certain. However, it is on the expenditure side that the resistance is going to be greater. In particular, in terms of downsizing the government, controlling health costs and reducing transfers to state-owned enterprises.
In terms of future sustainability the targets are not only timid but uncertain. For instance, the program of privatizations is targeted at raising only €5.5 billion. So, the IMF forecasts still assume a significant rise in public debt to 115% of GDP in 2014 in an economy that is not expected to grow at more than 2% in the post-recession period. In the context of continuing speculation against the weak links in the Euro Area this will not allow Portugal’s return to the market at reasonable interest rates. Moreover, three of the major public finance problems (unknown payment arrears, off-balance sheet debt and guarantees to banks and PPPs and the need for a full fiscal reform) are only left for further study.
In what concerns the fairness of burden distribution, the program is clearly biased against the lower and upper middle classes and the civil servants. Moreover, it barely touches the subsidization of privatized monopolies and other special interest groups. Again, these are only left for further study.
Finally, the macro-economic consequences of the fiscal adjustment point to a negative contribution to growth of 1.4% in 2011 and 1% in 2012. This seems a little optimistic especially when compared to a 2.9% negative contribution of private consumption (which includes civil servants and pensioners). The IMF attempt to avoid a sharper recession is reasonable, but it is unlikely to succeed given the foreseeable slowdown in the global economy and the generalized lack of confidence in the long term growth prospects of the country.
In conclusion, a timid program of fiscal consolidation in a context of global uncertainty might allow the country to get by in the next two years. Whether it will be enough to avoid the need for another future bailout and or debt restructuring is doubtful.
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Tuesday, 14 June 2011
A responsabilização dos políticos que levaram o país à bancarrota
Nas democracias representativas é essencial discutir se a responsabilização dos políticos deve ser feita exclusivamente através do voto ou se deve também ser feita ao nível judicial (civil e criminal). Discute-se também se deve abranger apenas os políticos eleitos e entre estes se deve incluir apenas os seus dirigentes máximos (Primeiro-ministro, Líder Partidário, etc.).
Em Portugal tem-se discutido nos últimos dias se basta a derrota eleitoral de José Sócrates e sua subsequente saída da direcção do Partido Socialista ou se este, conjuntamente com os seus colaboradores mais próximos, deviam ser processados judicialmente.
Nas democracias mais avançadas tem-se optado apenas pela responsabilização política para evitar que os políticos vencedores procurem vingar-se dos vencidos e ou desculpabilizar todos os seus futuros erros com a herança recebida do passado. Caso contrário, corre-se o risco de golpes e contra-golpes de estado como observamos com frequência nos países Africanos.
Com excepção dos casos de natureza claramente criminal (apropriação de dinheiros públicos, corrupção, etc.) não nos parece razoável estender a noção de prestação de contas (accountability) ao nível do desempenho em termos da boa gestão financeira dos dinheiros públicos avaliada por um tribunal. Que tribunal, com que critérios?
Mesmo nos casos onde os decisores e as consequências das suas decisões estão claramente identificados não nos parece aconselhável aplicar sanções pecuniárias e ou obrigar à reposição dos gastos resultantes das más decisões. Por exemplo, não seria possível pedir ao Ministro Teixeira dos Santos que ressarcisse o Estados dos 4 mil milhões de Euros que custou a nacionalização do BPN ou aplicar ao Ministro Manuel Pinho uma pesada multa por ter continuado a ruinosa política de subsidiação da EDP Renováveis e de outros produtores de energia eólica. Não só a sua responsabilidade directa teria de ser atribuída ou partilhada com o Primeiro-ministro e Conselho de Ministros como a avaliação da relação custos benefícios dessas decisões seria sempre controversa.
Se nuns casos é possível encontrar um responsável inequívoco pelos grandes projectos falhados (e.g. Tribolet e Zorrinho no caso das novas tecnologias) na maioria dos casos as responsabilidades estão repartidas por vários governos e departamentos governamentais (e.g. o descontrolo com as PPPs, as despesas da saúde, as novas oportunidades, os apoios à agricultura e à formação profissional, etc.). Tal tornaria o processo de responsabilização judicial claramente inexequível.
Por isso, em alternativa à responsabilização judicial e para além da responsabilização política pelo voto popular, nós sugerimos antes a realização de um Livro Negro de Despesismo Público nos Últimos 20 Anos. Um livro a elaborar por uma “comissão independente de sábios” para memória futura e benefício das gerações vindouras. Aí ficariam enumerados os principais responsáveis directos e indirectos do desperdício dos dinheiros públicos bem como a avaliação do dolo causado e das suas motivações, justificações e negligências.
Em Portugal tem-se discutido nos últimos dias se basta a derrota eleitoral de José Sócrates e sua subsequente saída da direcção do Partido Socialista ou se este, conjuntamente com os seus colaboradores mais próximos, deviam ser processados judicialmente.
Nas democracias mais avançadas tem-se optado apenas pela responsabilização política para evitar que os políticos vencedores procurem vingar-se dos vencidos e ou desculpabilizar todos os seus futuros erros com a herança recebida do passado. Caso contrário, corre-se o risco de golpes e contra-golpes de estado como observamos com frequência nos países Africanos.
Com excepção dos casos de natureza claramente criminal (apropriação de dinheiros públicos, corrupção, etc.) não nos parece razoável estender a noção de prestação de contas (accountability) ao nível do desempenho em termos da boa gestão financeira dos dinheiros públicos avaliada por um tribunal. Que tribunal, com que critérios?
Mesmo nos casos onde os decisores e as consequências das suas decisões estão claramente identificados não nos parece aconselhável aplicar sanções pecuniárias e ou obrigar à reposição dos gastos resultantes das más decisões. Por exemplo, não seria possível pedir ao Ministro Teixeira dos Santos que ressarcisse o Estados dos 4 mil milhões de Euros que custou a nacionalização do BPN ou aplicar ao Ministro Manuel Pinho uma pesada multa por ter continuado a ruinosa política de subsidiação da EDP Renováveis e de outros produtores de energia eólica. Não só a sua responsabilidade directa teria de ser atribuída ou partilhada com o Primeiro-ministro e Conselho de Ministros como a avaliação da relação custos benefícios dessas decisões seria sempre controversa.
Se nuns casos é possível encontrar um responsável inequívoco pelos grandes projectos falhados (e.g. Tribolet e Zorrinho no caso das novas tecnologias) na maioria dos casos as responsabilidades estão repartidas por vários governos e departamentos governamentais (e.g. o descontrolo com as PPPs, as despesas da saúde, as novas oportunidades, os apoios à agricultura e à formação profissional, etc.). Tal tornaria o processo de responsabilização judicial claramente inexequível.
Por isso, em alternativa à responsabilização judicial e para além da responsabilização política pelo voto popular, nós sugerimos antes a realização de um Livro Negro de Despesismo Público nos Últimos 20 Anos. Um livro a elaborar por uma “comissão independente de sábios” para memória futura e benefício das gerações vindouras. Aí ficariam enumerados os principais responsáveis directos e indirectos do desperdício dos dinheiros públicos bem como a avaliação do dolo causado e das suas motivações, justificações e negligências.
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Monday, 13 June 2011
Golden Shares: Primeiro teste a Passos Coelho
O Governo ainda não tomou posse, mas os lobbies contra as medidas acordadas com a Troika já vieram a terreno. Começam por tentar evitar o fim das chamadas Golden Shares (acções com privilégios especiais para certos accionistas, no caso o Estado).
Num inquérito a alguns destacados gestores nacionais publicado hoje no Jornal de Negócios apenas um (António Carrapatoso) tomou uma posição correcta ao afirmar: “golden shares só se justificam em casos excepcionais e transitoriamente”. Os restantes utilizaram os habituais argumentos descabidos sobre sectores estratégicos, centros de decisão e interesse nacional. Nomeadamente, o Presidente da CIP (António Saraiva) que afirmou: “o fim das 'golden share' pode conduzir à saída dos centros de decisão, saindo também com eles a capacidade de influenciar a estratégia de empresas-chave para o interesse nacional”.
Se hoje ainda existirem ingénuos que acreditam na treta do “interesse nacional”, basta relembrar o caso recente da venda da Vivo pela PT. Apesar de o Estado ter uma Golden Share na PT não a utilizou para impedir a empresa de montar uma estratégia de planeamento fiscal que lhe permitiu não pagar impostos no maior ganho de mais-valias jamais ocorrido no nosso país.
Sob o ponto de vista liberal a possibilidade de as empresas cotadas poderem emitir acções com privilégios especiais para apenas alguns accionistas, bem como a celebração de acordos parassociais com efeito equivalente, levanta o tradicional problema de compatibilizar o princípio da livre concorrência com o direito de associação. No caso da União Europeia, privilegiou-se o primeiro princípio ao proibir as Golden Share, embora com fundamentos algo duvidosos. Por exemplo no caso da Energias de Portugal o Tribunal de Justiça Europeu condenou Portugal invocando a criação de restrições injustificáveis à livre circulação de capitais.
Numa perspectiva libertária poderá argumentar-se contra a regulamentação do tipo de acções e formas de associação consideradas legítimas. O próprio mercado se encarregará de resolver esse problema penalizando as empresas que recorrem a essas práticas. Trata-se de uma visão quiçá tão ingénua como a do interesse nacional.
Porém, outras soluções intermédias podem ser adoptadas pelas próprias bolsas de valores. Por exemplo, criando um mercado específico para negociação dos títulos das empresas com esse tipo de acções e de contratos parassociais. Deste modo os investidores não poderão invocar desconhecimento sobre o risco de práticas de conluio entre accionistas.
Qualquer que seja a solução que se venha a desenhar para conciliar os dois princípios, o que não se pode ignorar é que os grupos restritos de investidores se formam sempre para defesa de interesses específicos e nunca do interesse colectivo ou nacional. A máxima de Adam Smith continua hoje tão actual como no passado.
Num inquérito a alguns destacados gestores nacionais publicado hoje no Jornal de Negócios apenas um (António Carrapatoso) tomou uma posição correcta ao afirmar: “golden shares só se justificam em casos excepcionais e transitoriamente”. Os restantes utilizaram os habituais argumentos descabidos sobre sectores estratégicos, centros de decisão e interesse nacional. Nomeadamente, o Presidente da CIP (António Saraiva) que afirmou: “o fim das 'golden share' pode conduzir à saída dos centros de decisão, saindo também com eles a capacidade de influenciar a estratégia de empresas-chave para o interesse nacional”.
Se hoje ainda existirem ingénuos que acreditam na treta do “interesse nacional”, basta relembrar o caso recente da venda da Vivo pela PT. Apesar de o Estado ter uma Golden Share na PT não a utilizou para impedir a empresa de montar uma estratégia de planeamento fiscal que lhe permitiu não pagar impostos no maior ganho de mais-valias jamais ocorrido no nosso país.
Sob o ponto de vista liberal a possibilidade de as empresas cotadas poderem emitir acções com privilégios especiais para apenas alguns accionistas, bem como a celebração de acordos parassociais com efeito equivalente, levanta o tradicional problema de compatibilizar o princípio da livre concorrência com o direito de associação. No caso da União Europeia, privilegiou-se o primeiro princípio ao proibir as Golden Share, embora com fundamentos algo duvidosos. Por exemplo no caso da Energias de Portugal o Tribunal de Justiça Europeu condenou Portugal invocando a criação de restrições injustificáveis à livre circulação de capitais.
Numa perspectiva libertária poderá argumentar-se contra a regulamentação do tipo de acções e formas de associação consideradas legítimas. O próprio mercado se encarregará de resolver esse problema penalizando as empresas que recorrem a essas práticas. Trata-se de uma visão quiçá tão ingénua como a do interesse nacional.
Porém, outras soluções intermédias podem ser adoptadas pelas próprias bolsas de valores. Por exemplo, criando um mercado específico para negociação dos títulos das empresas com esse tipo de acções e de contratos parassociais. Deste modo os investidores não poderão invocar desconhecimento sobre o risco de práticas de conluio entre accionistas.
Qualquer que seja a solução que se venha a desenhar para conciliar os dois princípios, o que não se pode ignorar é que os grupos restritos de investidores se formam sempre para defesa de interesses específicos e nunca do interesse colectivo ou nacional. A máxima de Adam Smith continua hoje tão actual como no passado.
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Saturday, 11 June 2011
Criação de novos partidos políticos ou reforma dos existentes?
Os boletins de voto das últimas eleições apresentavam uma lista excessiva de partidos políticos. Tal parece contradizer a ideia muitas vezes defendida de que para se alterar o actual regime político o país precisa de novos partidos políticos.
Em contraste, também é verdade que praticamente desde 1975 temos tido apenas 4 ou 5 partidos com representação parlamentar. Estamos então perante dois problemas bastante diferentes. Por um lado precisamos de exigir que periodicamente os partidos extra-parlamentares provem ter um mínimo de apoiantes para se poderem apresentar às eleições. Por outro lado temos de ponderar se os actuais partidos com assento parlamentar são suficientemente representativos das várias sensibilidades políticas.
A questão de saber se quatro partidos são suficientes ou não depende de uma questão prévia sobre se pretendemos um sistema político bipartidário ou um sistema multipartidário onde as maiorias têm de ser sempre constituídas por vários partidos. O actual sistema aponta para a primeira opção mas não de forma inequívoca. Embora desde 1975 os governos tenham alternado entre os socialistas e os sociais-democratas, o CDS tem sido ocasionalmente chamado a aliar-se a um dos dois para assegurar uma maioria parlamentar.
Como o povo Português tendo sido muito relutante na atribuição de maiorias absolutas a um só partido, parece-nos que um sistema multipartidário representaria melhor as suas preferências. Assim sendo, faria sentido criar pelo menos dois novos partidos com representação parlamentar. Um à direita entre o CDS e o PSD de ideologia liberal e outro à esquerda entre o PS e o PCP de ideologia socialista marxista não revolucionária.
Porém as experiências já tentadas entre nós com a criação do PRD, do PSN e do Bloco de Esquerda mostram que a sua sobrevivência tem sido efémera.
No caso do PSN porque os Portugueses nitidamente rejeitam os partidos de causa única (reformados, ambiente, etc.). No caso do extinto PRD e do Bloco de Esquerda (em extinção) porque não souberam posicionar-se claramente e porque procuraram atrair sobretudo os indesejáveis auto-proclamados independentes e membros do chamado “centralão”. No caso do PRD este partido oscilava entre estar à direita ou à esquerda do PS enquanto o Bloco de Esquerda oscila entre estar à esquerda ou à direita do PCP.
Tendo falhado estas tentativas de diversificar o leque partidário, parece ser altura de ensaiar a alternativa de tentar reformar os partidos que temos no sentido de modificarem as suas práticas políticas e de se abrirem às correntes ideológicas atrás referidas.
Como mostraremos em futuros posts não é tarefa fácil pois exige que eles aceitem um código de boas práticas partidárias e algumas alterações constitucionais. Porém também não é uma tarefa impossível se a opinião pública for mobilizada para os forçar a aceitar essas reformas. Ao fim e ao cabo eles dependem do voto dessa mesma opinião pública.
Em contraste, também é verdade que praticamente desde 1975 temos tido apenas 4 ou 5 partidos com representação parlamentar. Estamos então perante dois problemas bastante diferentes. Por um lado precisamos de exigir que periodicamente os partidos extra-parlamentares provem ter um mínimo de apoiantes para se poderem apresentar às eleições. Por outro lado temos de ponderar se os actuais partidos com assento parlamentar são suficientemente representativos das várias sensibilidades políticas.
A questão de saber se quatro partidos são suficientes ou não depende de uma questão prévia sobre se pretendemos um sistema político bipartidário ou um sistema multipartidário onde as maiorias têm de ser sempre constituídas por vários partidos. O actual sistema aponta para a primeira opção mas não de forma inequívoca. Embora desde 1975 os governos tenham alternado entre os socialistas e os sociais-democratas, o CDS tem sido ocasionalmente chamado a aliar-se a um dos dois para assegurar uma maioria parlamentar.
Como o povo Português tendo sido muito relutante na atribuição de maiorias absolutas a um só partido, parece-nos que um sistema multipartidário representaria melhor as suas preferências. Assim sendo, faria sentido criar pelo menos dois novos partidos com representação parlamentar. Um à direita entre o CDS e o PSD de ideologia liberal e outro à esquerda entre o PS e o PCP de ideologia socialista marxista não revolucionária.
Porém as experiências já tentadas entre nós com a criação do PRD, do PSN e do Bloco de Esquerda mostram que a sua sobrevivência tem sido efémera.
No caso do PSN porque os Portugueses nitidamente rejeitam os partidos de causa única (reformados, ambiente, etc.). No caso do extinto PRD e do Bloco de Esquerda (em extinção) porque não souberam posicionar-se claramente e porque procuraram atrair sobretudo os indesejáveis auto-proclamados independentes e membros do chamado “centralão”. No caso do PRD este partido oscilava entre estar à direita ou à esquerda do PS enquanto o Bloco de Esquerda oscila entre estar à esquerda ou à direita do PCP.
Tendo falhado estas tentativas de diversificar o leque partidário, parece ser altura de ensaiar a alternativa de tentar reformar os partidos que temos no sentido de modificarem as suas práticas políticas e de se abrirem às correntes ideológicas atrás referidas.
Como mostraremos em futuros posts não é tarefa fácil pois exige que eles aceitem um código de boas práticas partidárias e algumas alterações constitucionais. Porém também não é uma tarefa impossível se a opinião pública for mobilizada para os forçar a aceitar essas reformas. Ao fim e ao cabo eles dependem do voto dessa mesma opinião pública.
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Friday, 10 June 2011
Reasons for the demise of European films: television, subsidies or Cannes?
During my childhood cinema-going was still the top form of entertainment and I witnessed its decline, which was superbly described in the film “Cinema Paradiso”. Indeed, Portugal like most European countries had their golden age in the movies industry during the 1940s.
It is well known that when a major industry declines due to the emergence of a new technology that creates a stronger competitor (in this case Television) there is an inevitable consolidation in the declining industry. What is not so well understood is the reason why the major survivors concentrate in specific regions (USA or India) and almost vanish in others (Europe).
The historian Tony Judt examined the fall of the European movie industry in his Postwar book and claims that “domination of post-war European cinema did not come about through the vagaries of popular taste alone… there was a political context”. Hollywood films flooded Italy and other countries encouraged by the State Department to support the anti-Communist vote.
In contrast European governments (left and right wing) tried to protect their declining industries from the so-called “American dumping”. The usual combination of barriers (quotas) to the entry of foreign films and subsidization of European movie producers were used to no avail. By confusing a technological shift with dumping they created the wrong incentives and facilitated the decimation of the few producers that could have survived through consolidation.
Worst, in the 1960s this fed a subsidized cottage industry which was taken over by (mostly) left-inclined and auto-proclaimed intellectuals; dominated by Directors such as Truffaut and Jean-Luc Godard and their followers that today gather around the Cannes Film Festival.
To be fair, the decline in the cinema-going activity meant that the production of movies for a domestic market is no longer a commercially viable activity; despite the widespread ownership of DVDs and a recent rise in the number of smaller theatres in shopping malls. For instance, in Portugal the most popular film can hardly attract 100 thousand viewers. This means that it can earn only 300 thousand Euros and this hardly covers half of the cost of a low-budget film. So only politically-minded “intellectuals” could be attracted for this type of business.
Now that the industry of broadcasted-television is also being challenged by a new technology based on the internet the inevitable consolidation will also to take place. How, the television and film producers will be affected by the emergence of Youtube and similar distribution channels? Before embracing a new round of protectionism European governments would be well advised to learn from the mistakes of the past.
It will be a missed opportunity if once more the Europeans are left behind in a major creative industry as is the film-making industry.
It is well known that when a major industry declines due to the emergence of a new technology that creates a stronger competitor (in this case Television) there is an inevitable consolidation in the declining industry. What is not so well understood is the reason why the major survivors concentrate in specific regions (USA or India) and almost vanish in others (Europe).
The historian Tony Judt examined the fall of the European movie industry in his Postwar book and claims that “domination of post-war European cinema did not come about through the vagaries of popular taste alone… there was a political context”. Hollywood films flooded Italy and other countries encouraged by the State Department to support the anti-Communist vote.
In contrast European governments (left and right wing) tried to protect their declining industries from the so-called “American dumping”. The usual combination of barriers (quotas) to the entry of foreign films and subsidization of European movie producers were used to no avail. By confusing a technological shift with dumping they created the wrong incentives and facilitated the decimation of the few producers that could have survived through consolidation.
Worst, in the 1960s this fed a subsidized cottage industry which was taken over by (mostly) left-inclined and auto-proclaimed intellectuals; dominated by Directors such as Truffaut and Jean-Luc Godard and their followers that today gather around the Cannes Film Festival.
To be fair, the decline in the cinema-going activity meant that the production of movies for a domestic market is no longer a commercially viable activity; despite the widespread ownership of DVDs and a recent rise in the number of smaller theatres in shopping malls. For instance, in Portugal the most popular film can hardly attract 100 thousand viewers. This means that it can earn only 300 thousand Euros and this hardly covers half of the cost of a low-budget film. So only politically-minded “intellectuals” could be attracted for this type of business.
Now that the industry of broadcasted-television is also being challenged by a new technology based on the internet the inevitable consolidation will also to take place. How, the television and film producers will be affected by the emergence of Youtube and similar distribution channels? Before embracing a new round of protectionism European governments would be well advised to learn from the mistakes of the past.
It will be a missed opportunity if once more the Europeans are left behind in a major creative industry as is the film-making industry.
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Wednesday, 8 June 2011
Big Corporations vs. Big Private Equity groups: which is the greatest threat to market capitalism?
Among the three major sectors (state, shadow and big business) encroaching on the market capitalism territory, big business represents an important threat. However, big business comes in two forms – big corporations and big private equity funds. Two representative household names in the US for the two types of organizations are Citigroup and KKR, both listed in the stock market.
Of the two, private equity has the worst reputation. This is due to fact that their key business is in the field of leveraged buy-outs. They also use aggressive tax optimization practices through offshore domiciles. And, although they are the most generous contributors to political campaigns they do not have many job opportunities for politicians.
Leveraged buy-outs often wipe out value, destroy jobs and fail to improve the performance of the companies acquired. However, whether they fail or succeed they never create oligopolies. On the contrary they often lead to company break-ups. Therefore, unconsciously and involuntarily, they contribute to increase the share of competitive markets.
On the contrary, big corporations as the personification of managerial capitalism are often seen in a benign mode. They employ armies of bureaucrats, politicians, public relations and other professionals that promote their interests and image in terms of public opinion. However, to pay for all these courtiers and their management they need to increase their oligopolistic profits. These can only be obtained by curtailing supply or by the elimination of their competitors. In either case they will reduce the share of transactions carried out in competitive markets.
So, one must conclude that not all big business is equal and that big corporations are the greatest threat to market capitalism. Yet, public opinion is unaware that the “polite and urbane” big corporation is worse than the “rough and dodgy” private equity firms.
Of the two, private equity has the worst reputation. This is due to fact that their key business is in the field of leveraged buy-outs. They also use aggressive tax optimization practices through offshore domiciles. And, although they are the most generous contributors to political campaigns they do not have many job opportunities for politicians.
Leveraged buy-outs often wipe out value, destroy jobs and fail to improve the performance of the companies acquired. However, whether they fail or succeed they never create oligopolies. On the contrary they often lead to company break-ups. Therefore, unconsciously and involuntarily, they contribute to increase the share of competitive markets.
On the contrary, big corporations as the personification of managerial capitalism are often seen in a benign mode. They employ armies of bureaucrats, politicians, public relations and other professionals that promote their interests and image in terms of public opinion. However, to pay for all these courtiers and their management they need to increase their oligopolistic profits. These can only be obtained by curtailing supply or by the elimination of their competitors. In either case they will reduce the share of transactions carried out in competitive markets.
So, one must conclude that not all big business is equal and that big corporations are the greatest threat to market capitalism. Yet, public opinion is unaware that the “polite and urbane” big corporation is worse than the “rough and dodgy” private equity firms.
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Tuesday, 7 June 2011
Scared by the pension time-bomb?
In Europe and America most people worry about the so-called Social Security time-bomb.
Its ticking is usually measured by the ratio between the number of active workers to Social Security recipients. In the USA this ratio declined from 17-to-1 in 1950 to 3-to-1 today. Are you scared by this trend?
Here is some arithmetic to calm you:
a) The fact that now it only takes 3 workers to support themselves and one pensioner is only possible because productivity has risen more than 2.93% annually (on an annual compound basis).
b) This was only possible due to the extraordinary economic growth during the golden fifties and sixties. Since then the productivity growth slowed down to an annual rate of 1.83% over the past 40 years.
c) Yet, if we are capable of maintaining this same productivity growth over the next 60 years we will need only a ratio of 1-to-1 by 2070.
d) I have not checked the demographic projections, but I believe that by then the working age cohort of 18-70 year olds still exceeds the other two age groups. So it is just a matter of keeping them employed.
Although I am not particularly worried about the demographics, I am concerned about the financial consequences of such ratio. Why? Because to be able to pay the pensions for all the retirees the pension funds must own a much larger share of the national wealth than they own today.
However, given the current degree of wealth distribution in America (where the richest 1% own more than 30% of total wealth) it is unlikely that pension funds will be able to accumulate such share of total wealth by normal means. I am afraid that some form of expropriation will have to take place in the future.
Its ticking is usually measured by the ratio between the number of active workers to Social Security recipients. In the USA this ratio declined from 17-to-1 in 1950 to 3-to-1 today. Are you scared by this trend?
Here is some arithmetic to calm you:
a) The fact that now it only takes 3 workers to support themselves and one pensioner is only possible because productivity has risen more than 2.93% annually (on an annual compound basis).
b) This was only possible due to the extraordinary economic growth during the golden fifties and sixties. Since then the productivity growth slowed down to an annual rate of 1.83% over the past 40 years.
c) Yet, if we are capable of maintaining this same productivity growth over the next 60 years we will need only a ratio of 1-to-1 by 2070.
d) I have not checked the demographic projections, but I believe that by then the working age cohort of 18-70 year olds still exceeds the other two age groups. So it is just a matter of keeping them employed.
Although I am not particularly worried about the demographics, I am concerned about the financial consequences of such ratio. Why? Because to be able to pay the pensions for all the retirees the pension funds must own a much larger share of the national wealth than they own today.
However, given the current degree of wealth distribution in America (where the richest 1% own more than 30% of total wealth) it is unlikely that pension funds will be able to accumulate such share of total wealth by normal means. I am afraid that some form of expropriation will have to take place in the future.
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Monday, 6 June 2011
Sócrates fora! Um desejo de ano novo satisfeito
No meu post de Ano Novo exprimi dois desejos para 2011. O primeiro está satisfeito, o segundo será de mais difícil realização. Para já ficou resolvido um dos principais problemas de Portugal - a remoção de Sócrates e seus acólitos. Com um país cheio de m.…. a alimentar-se num sistema de m…. a tarefa mais urgente era remover as m…… Porém, como evitar que mudem as m….. mas a m…. fique a mesma?
Para tal é fundamental uma mudança também nos partidos, quer nos vencedores (PSD e CDS) quer nos vencidos (PS).
O Partido Socialista precisa de aproveitar a sua passagem pela oposição para fazer duas coisas. Uma (mais fácil) libertar-se de uma vez por todas dos amigos indesejáveis terceiro-mundistas (Chavez e companhia). Outra, (mais difícil) perceber porque é que o falso liberalismo para benefício e à medida dos amigos falhará sempre.
O PSD e o CDS precisam de governar com base em valores assentes no mérito e na ética. Desde logo, uma demonstração dessa nova maneira de fazer política seria a redução substancial dos cargos políticos não eleitos, tornando-os visíveis e transparentes e evitando que sejam tomados de assalto pelos boys dos dois partidos.
Para começar o Dr. Passos Coelho devia iniciar o seu discurso de tomada de posse parafraseando o de Salazar “Aos meus apoiantes peço que sejam os últimos a pedir-me favores e os primeiros a aceitar os sacrifícios que o país precisa de fazer para sair desta crise” (Salazar terá dito isto de forma diferente, mas tanto quanto me lembro o sentido era este).
Para tal é fundamental uma mudança também nos partidos, quer nos vencedores (PSD e CDS) quer nos vencidos (PS).
O Partido Socialista precisa de aproveitar a sua passagem pela oposição para fazer duas coisas. Uma (mais fácil) libertar-se de uma vez por todas dos amigos indesejáveis terceiro-mundistas (Chavez e companhia). Outra, (mais difícil) perceber porque é que o falso liberalismo para benefício e à medida dos amigos falhará sempre.
O PSD e o CDS precisam de governar com base em valores assentes no mérito e na ética. Desde logo, uma demonstração dessa nova maneira de fazer política seria a redução substancial dos cargos políticos não eleitos, tornando-os visíveis e transparentes e evitando que sejam tomados de assalto pelos boys dos dois partidos.
Para começar o Dr. Passos Coelho devia iniciar o seu discurso de tomada de posse parafraseando o de Salazar “Aos meus apoiantes peço que sejam os últimos a pedir-me favores e os primeiros a aceitar os sacrifícios que o país precisa de fazer para sair desta crise” (Salazar terá dito isto de forma diferente, mas tanto quanto me lembro o sentido era este).
Friday, 3 June 2011
The dangerous rise of managerial capitalism
In yesterday’s post we argued for limits on the rise of corporate wealth in the managerial capitalist sector. Concentration of wealth comes together with concentration of assets which necessarily reduces the scope for competitive market transactions.
Since then we collected the following data which gives us an overview of the size of the sector in a selected number of countries, as measured by the percentage of assets controlled by the largest one percent of all companies.
The data used excludes insurance, securities and banking firms because the assets held by these are mostly cash or securities issued by non-financial corporate. It probably over-estimates the size of the managerial sector because it is based only on listed public companies and the listing in individual countries may differ. This is partly offset by the fact that the number of management-controlled firms is usually more than just the top 1%.
Nevertheless the figures are sufficiently expressive to show that the virus of managerial capitalism is more widespread than we had thought. Even in countries closer to a system of market capitalism, such as Hong Kong and Singapore the top 1% of firms controls more than 22% of total assets.
Also interesting is the fact that among the countries where the problem is more serious we have three different regimes of capitalism. The most problematic situation occurs in the Mediterranean countries (Greece, Slovenia, Italy, Spain and Portugal) with a regime of state capitalism inherited from dictatorial regimes. Surprisingly this group is followed by the UK, a country traditionally identified with the so-called Anglo-Saxon liberalism. Next, comes China a country with a non-democratic regime of socialist state capitalism.
When we take together the shares of total assets (32%) and the share of regulated industries in the USA (25%, in defense, energy, utilities and telecoms) it turns out that here the threat of managerial capitalism is not as serious as we had anticipated. This seems to contradict other factors pointing in such direction, namely the obscene rise in CEO pay which now is over 300 times that of the average worker. So we may take this result with some reserve before we investigate further the impact that the size of the market has in these indicators.
Finally, another surprising case is Germany. We often identify the German style of capitalism as very socially-responsive, but it turns out that it is closer to market capitalism than we could imagine.
In conclusion, we may say that the danger posed by managerial capitalism is a global phenomenon. Moreover, its strong presence in regulated industries demands that we understand better the triangle between government – financiers – and managerial-controlled corporate. Only then can we understand how they constrain the move towards dominant market capitalism.
Since then we collected the following data which gives us an overview of the size of the sector in a selected number of countries, as measured by the percentage of assets controlled by the largest one percent of all companies.
The data used excludes insurance, securities and banking firms because the assets held by these are mostly cash or securities issued by non-financial corporate. It probably over-estimates the size of the managerial sector because it is based only on listed public companies and the listing in individual countries may differ. This is partly offset by the fact that the number of management-controlled firms is usually more than just the top 1%.
Nevertheless the figures are sufficiently expressive to show that the virus of managerial capitalism is more widespread than we had thought. Even in countries closer to a system of market capitalism, such as Hong Kong and Singapore the top 1% of firms controls more than 22% of total assets.
Also interesting is the fact that among the countries where the problem is more serious we have three different regimes of capitalism. The most problematic situation occurs in the Mediterranean countries (Greece, Slovenia, Italy, Spain and Portugal) with a regime of state capitalism inherited from dictatorial regimes. Surprisingly this group is followed by the UK, a country traditionally identified with the so-called Anglo-Saxon liberalism. Next, comes China a country with a non-democratic regime of socialist state capitalism.
When we take together the shares of total assets (32%) and the share of regulated industries in the USA (25%, in defense, energy, utilities and telecoms) it turns out that here the threat of managerial capitalism is not as serious as we had anticipated. This seems to contradict other factors pointing in such direction, namely the obscene rise in CEO pay which now is over 300 times that of the average worker. So we may take this result with some reserve before we investigate further the impact that the size of the market has in these indicators.
Finally, another surprising case is Germany. We often identify the German style of capitalism as very socially-responsive, but it turns out that it is closer to market capitalism than we could imagine.
In conclusion, we may say that the danger posed by managerial capitalism is a global phenomenon. Moreover, its strong presence in regulated industries demands that we understand better the triangle between government – financiers – and managerial-controlled corporate. Only then can we understand how they constrain the move towards dominant market capitalism.
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Thursday, 2 June 2011
The Forbes list of billionaires, big-business and property limits
Adam Smith was the first to recognize that capitalists are not the best supporters of market capitalism. As he put it: “People of the same trade seldom meet together, even for merriment and diversion, but the conversation ends in a conspiracy against the public, or in some contrivance to raise prices”.
Since then we moved from an epoch where capitalists and entrepreneurs were the same person, to a world of owner-capitalists and subsequently to a predominance of management-controlled capitalism through big public corporations. The latter are more prone to conspire against consumers than Smith ever envisaged because they may ally with anti-competition governments and workers.
Thus the major threat to market capitalism is not the accumulation of personal wealth but of corporate wealth. Big business is generally run by bureaucracies that are uniquely placed to take advantage of the separation between entrepreneurship, ownership and management. They do so by buying out successful entrepreneurs (naturally averse to management tasks) and by exploiting the opportunities created by an ever increasing regulation of business activities (by employing a legion of politicians, lawyers, accountants, and other professionals).
Wealthy owners are not in a position to exploit the consumers. They manage their assets through fund managers and family offices that generally prefer to keep at arm’s length in relation to the companies they own. At most they may take advantage of their fellow shareholders by accepting excessive compensation to serve in non-executive positions in public companies.
So the greatest challenge to managers’ capitalism of the kind we have now in America it is not to limit the ever increasing share of wealth owned by the top 1% of the population. It is more important to limit the share of assets controlled by the largest 1% of American companies.
Likewise the other challenge is to limit their relationships with the political establishment. In particular, it is essential to reassess their role in the so-called regulated industries. Here the scope for connivance against entrepreneurs and consumers is greater.
To oppose such trend is vital to keep alive a large share of market capitalism in a modern credit-based economy. Capitalists and their money managers’ interests are better served by vibrant communities of entrepreneurs and consumers in a system of market capitalism.
Since then we moved from an epoch where capitalists and entrepreneurs were the same person, to a world of owner-capitalists and subsequently to a predominance of management-controlled capitalism through big public corporations. The latter are more prone to conspire against consumers than Smith ever envisaged because they may ally with anti-competition governments and workers.
Thus the major threat to market capitalism is not the accumulation of personal wealth but of corporate wealth. Big business is generally run by bureaucracies that are uniquely placed to take advantage of the separation between entrepreneurship, ownership and management. They do so by buying out successful entrepreneurs (naturally averse to management tasks) and by exploiting the opportunities created by an ever increasing regulation of business activities (by employing a legion of politicians, lawyers, accountants, and other professionals).
Wealthy owners are not in a position to exploit the consumers. They manage their assets through fund managers and family offices that generally prefer to keep at arm’s length in relation to the companies they own. At most they may take advantage of their fellow shareholders by accepting excessive compensation to serve in non-executive positions in public companies.
So the greatest challenge to managers’ capitalism of the kind we have now in America it is not to limit the ever increasing share of wealth owned by the top 1% of the population. It is more important to limit the share of assets controlled by the largest 1% of American companies.
Likewise the other challenge is to limit their relationships with the political establishment. In particular, it is essential to reassess their role in the so-called regulated industries. Here the scope for connivance against entrepreneurs and consumers is greater.
To oppose such trend is vital to keep alive a large share of market capitalism in a modern credit-based economy. Capitalists and their money managers’ interests are better served by vibrant communities of entrepreneurs and consumers in a system of market capitalism.
Wednesday, 1 June 2011
Estágios obrigatoriamente remunerados: não obrigado!
Ao saltitar entre o falso liberalismo da terceira via e um colectivismo terceiro-mundista, o Governo Sócrates parece não acertar uma única medida em matéria de legislação laboral. A publicação hoje do Decreto-lei que proíbe as empresas de oferecer estágios profissionais não remunerados é uma verdadeira aberração.
Ainda mais, fixando-se a sua remuneração a um nível próximo do salário mínimo, é pertinente perguntar a quem serve tal medida. Será para os patrões que se comportam como negreiros poderem substituir trabalhadores a salário mínimo por estagiários ainda mais baratos? Será para as empresas públicas e os monopólios privados passarem a receber cada vez menos estagiários e utilizarem práticas de nepotismo a favor dos filhos dos actuais colaboradores e outros afilhados?
Por definição, os estágios profissionais devem interessar principalmente aos estagiários. Sobretudo nos dias de hoje em que são factor preferencial na selecção para os poucos postos de trabalho disponíveis. Por outro lado, são um complemento importante da formação escolar. Assim, não faz sentido pagar propinas num tipo de formação e querer ser pago no outro. Em certas circunstâncias, faria mesmo mais sentido ser o estagiário a pagar ao empregador como acontecia no passado.
Na verdade, não queremos recuar ao passado, mas temos de reconhecer que as realidades dos estágios são muito diferenciadas. Basta pensar nos estágios profissionais para advogado ou médico e nos estágios para caixa num supermercado ou num banco para perceber como as realidades são diferentes.
Por isso, a única solução sensata é deixar aos próprios empregadores a decisão sobre se pretendem remunerar ou não os estagiários. Uns farão isso e outros não. Os estagiários saberão ter isso em conta quando concorrem aos estágios.
Num mercado de trabalho tão dualista como o nosso, onde temos trabalhadores com vínculo vitalício, trabalhadores do quadro, contratados e a recibo verde criar mais uma categoria de estagiário só vem tornar o mercado ainda menos transparente e diminuir as ofertas de estágios.
Não nos esqueçamos que o elevado nível de desemprego existente entre os jovens só pode ser reduzido facilitando e não complicando a vida das empresas.
Ainda mais, fixando-se a sua remuneração a um nível próximo do salário mínimo, é pertinente perguntar a quem serve tal medida. Será para os patrões que se comportam como negreiros poderem substituir trabalhadores a salário mínimo por estagiários ainda mais baratos? Será para as empresas públicas e os monopólios privados passarem a receber cada vez menos estagiários e utilizarem práticas de nepotismo a favor dos filhos dos actuais colaboradores e outros afilhados?
Por definição, os estágios profissionais devem interessar principalmente aos estagiários. Sobretudo nos dias de hoje em que são factor preferencial na selecção para os poucos postos de trabalho disponíveis. Por outro lado, são um complemento importante da formação escolar. Assim, não faz sentido pagar propinas num tipo de formação e querer ser pago no outro. Em certas circunstâncias, faria mesmo mais sentido ser o estagiário a pagar ao empregador como acontecia no passado.
Na verdade, não queremos recuar ao passado, mas temos de reconhecer que as realidades dos estágios são muito diferenciadas. Basta pensar nos estágios profissionais para advogado ou médico e nos estágios para caixa num supermercado ou num banco para perceber como as realidades são diferentes.
Por isso, a única solução sensata é deixar aos próprios empregadores a decisão sobre se pretendem remunerar ou não os estagiários. Uns farão isso e outros não. Os estagiários saberão ter isso em conta quando concorrem aos estágios.
Num mercado de trabalho tão dualista como o nosso, onde temos trabalhadores com vínculo vitalício, trabalhadores do quadro, contratados e a recibo verde criar mais uma categoria de estagiário só vem tornar o mercado ainda menos transparente e diminuir as ofertas de estágios.
Não nos esqueçamos que o elevado nível de desemprego existente entre os jovens só pode ser reduzido facilitando e não complicando a vida das empresas.
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Abandono escolar: será o mal que se apregoa?
A obsessão dos governos socialistas com a diminuição das taxas de abandono escolar, levou-os a criar dois monstruosos desperdícios no sistema educativo português.
Por um lado institui-se um regime de quase “terror” para forçar os professores a passarem os alunos de ano lectivo e por outro criaram-se as novas oportunidades. Apesar de algumas honrosas excepções, estas visam dar administrativamente graus académicos a quem que não tenha frequentado ou concluído o ensino secundário.
Naturalmente que todos concordamos que quando um aluno é obrigado a abandonar a escola por razões económicas estamos perante um mal que tem de ser erradicado.
No entanto, a grande maioria do abandono escolar após o nono ano é voluntário e por duas razões fundamentalmente opostas. Uns alunos abandonam a escola para ir para rua enquanto outros abandonam a escola para ir trabalhar.
Ambos reconhecem que a escola já não lhes acrescenta valor, mas precisam de ser tratados de forma diferente. Os primeiros devem ser repreendidos mas acompanhados no âmbito das políticas de reinserção social, enquanto os segundos devem ser aplaudidos e apoiados através dos programas de formação profissional.
Devemos considerar ainda o grupo dos que se resignam a permanecer no ensino, mas sem qualquer motivação ou empenhamento. A sua permanência prejudica os restantes estudantes por contribuir para uma diminuição do grau de exigência no ensino. Mas prejudica-os também a eles próprios ao atrasar a sua entrada no mercado de trabalho e ao criar-lhe hábitos que irão limitar a sua produtividade para o resto da vida.
Finalmente, em relação aos formandos das novas oportunidades não podemos considerar apenas o custo absurdo da sua suposta formação (cerca de 6200 Euros por formando). Para termos uma ideia do que este valor representa basta pensar que com o dinheiro gasto com uma dúzia desses formandos podíamos formar um médico.
Porém, eles próprios são vítimas da ilusão que basta ter um “canudo” para progredirem na carreira. Ilusão que em muitos casos se transforma em frustração para o resto da vida. Acresce ainda que alguns vão engrossar o número de candidatos ao ensino superior contribuindo também para a deterioração da qualidade deste nível de ensino.
Em conclusão, é preciso repensar o equilíbrio entre o número de anos necessários para a formação inicial (onde se foi longe de mais com a introdução do 12º ano) e a formação ao longo da vida, bem como os objectivos de cada tipo de formação. Esta tarefa tem de ser entregue a gente com sabedoria e ponderação.
Por um lado institui-se um regime de quase “terror” para forçar os professores a passarem os alunos de ano lectivo e por outro criaram-se as novas oportunidades. Apesar de algumas honrosas excepções, estas visam dar administrativamente graus académicos a quem que não tenha frequentado ou concluído o ensino secundário.
Naturalmente que todos concordamos que quando um aluno é obrigado a abandonar a escola por razões económicas estamos perante um mal que tem de ser erradicado.
No entanto, a grande maioria do abandono escolar após o nono ano é voluntário e por duas razões fundamentalmente opostas. Uns alunos abandonam a escola para ir para rua enquanto outros abandonam a escola para ir trabalhar.
Ambos reconhecem que a escola já não lhes acrescenta valor, mas precisam de ser tratados de forma diferente. Os primeiros devem ser repreendidos mas acompanhados no âmbito das políticas de reinserção social, enquanto os segundos devem ser aplaudidos e apoiados através dos programas de formação profissional.
Devemos considerar ainda o grupo dos que se resignam a permanecer no ensino, mas sem qualquer motivação ou empenhamento. A sua permanência prejudica os restantes estudantes por contribuir para uma diminuição do grau de exigência no ensino. Mas prejudica-os também a eles próprios ao atrasar a sua entrada no mercado de trabalho e ao criar-lhe hábitos que irão limitar a sua produtividade para o resto da vida.
Finalmente, em relação aos formandos das novas oportunidades não podemos considerar apenas o custo absurdo da sua suposta formação (cerca de 6200 Euros por formando). Para termos uma ideia do que este valor representa basta pensar que com o dinheiro gasto com uma dúzia desses formandos podíamos formar um médico.
Porém, eles próprios são vítimas da ilusão que basta ter um “canudo” para progredirem na carreira. Ilusão que em muitos casos se transforma em frustração para o resto da vida. Acresce ainda que alguns vão engrossar o número de candidatos ao ensino superior contribuindo também para a deterioração da qualidade deste nível de ensino.
Em conclusão, é preciso repensar o equilíbrio entre o número de anos necessários para a formação inicial (onde se foi longe de mais com a introdução do 12º ano) e a formação ao longo da vida, bem como os objectivos de cada tipo de formação. Esta tarefa tem de ser entregue a gente com sabedoria e ponderação.
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